Caro director do jornal OPAÍS. Votos de boa tarde e espero que tudo esteja bem do vosso lado, assim como desta equipa que diariamente nos têm brindado com um jornalismo longe do que estávamos habituados outrora. Escrevo esta carta longe do espírito crítico que tem marcado a nossa sociedade nos últimos dias.
POR: Samuel Agostinho
Em que tudo e nada merece alguma nota negativa por parte de muitos cidadãos, esquecendo-se esses de que cada um de nós deve dar o seu contributo no desenvolvimento deste país. Tive a oportunidade de ontem ouvir o ministro da Ciência e Telecomunicações, José Carvalho, em relação à cobertura do sinal de telefonia móvel na estrada nacional 230. Na verdade, não se pode aceitar que uma das principais vias do país, como é o caso desta, seja percorrido sem que um turista, camionista, empresário ou mesmo cidadão comum consiga fazer uma única chamada. Seja para um parente próximo, amigo ou até mesmo em situações de socorro em caso de acidentes de viação, um dos flagelos que tem assolado o nosso país. Há muito que me tenho perguntado se as populações do norte terão cometido algum crime ou servem apenas para competições eleitorais, isto porque o mesmo não se assiste nas estradas entre Luanda, Benguela, Huambo e noutras parcelas no centro e sul. Mas, quem se desloca ao Cuanza- Norte, Malanje e até mesmo algumas parcelas do Uige é brindado com esta abusiva falta de comunicação, o que acaba sempre por comprometer os turistas, visitantes, camionistas e não só, chegando ao ponto de se perder algumas vidas porque o socorro acaba por chegar muito tarde. Afinal, o ministro Carvalho da Rocha tem conhecimento desta situação. Quem o ouviu ontem deve ter ficado de alguma forma assustado, porque não está no cargo há pouco tempo, desconhecendo, se calhar, o facto de que em algumas zonas os populares têm que escalar montanhas para se conseguir o sinal de uma das operadoras. Não há desenvolvimento sem comunicações. Muitas coisas poderiam ser feitas no troço entre Maria Teresa, Trombeta, Ndalatando ou mesmo entre Maria Teresa, Dondo e a capital do Cuanza- Norte. Acredito que a instalação de algumas antenas na localidade não depende do Angosat e outros grandes investimentos. Um pouco de vontade política poderá ajudar a debelar esta situação. Mais vale tarde do que nunca.