Sintam-se saudados, amigos jornalistas do jornal OPAÍS. Mando esta missiva para dar-vos uma ideia de reportagem, para além de fazer uma reclamação que afecta milhares de angolanos que escolheram a zona litoral da cidade de Luanda para viver, os “ramiros” (como muitos insultuosamente dizem, lá onde Judá esqueceu as botas).
Este povo, do distrito urbano dos ramiros, bem como do Morro dos Veados e Mundial, há muito que passa mal, no que a transição de pessoas e bens diz respeito, por conta da única estrada que tem.
para quem não conhece, a única estrada que te- mos é a Nacional 100, que sai do Hotel Lukweko até à barra do Kwanza. Fico com o término na barra do Kwanza, porque o que me leva a mandar esta carta é um projecto do Ministério do urbanismo e Construção, lançado no ano passado, cujo ponto de partida seria no referido hotel e o de término na referida barra.
por só termos uma estrada, de modelo de Estrada Nacional antiga, com duas faixas de rodagem (uma em cada lado), muita gente vê (também por conta das curvas e contracurvas, e das montanhas) nisto um bicho-de-sete-cabeças.
Os acidentes de viação, que se registam na zona, afastam os interessados em ali vi- ver, embora nós (os que já lá vivemos) saibamos que muitos desses acidentes são provocados por quem não conhece aquela estrada.
São “outros quinhentos”! Nosso sofrimento começa quando, no ano passado, em Setembro, recebemos a notícia, inclusive vocês jornal OPAÍS também passaram, que dá conta da extensão da referida estrada para quatro faixas de rodagem, separadores, passeios, retornos, entre outros. A esperança de mudança de vida dos moradores aumentou, bem como de valorização da zona de residência.
Isso devia ser uma alegria, mas se transformou num sofrimento, por- que nada temos visto como sinal de que o projecto esteja realmente a andar. Não vemos obras na estrada, não vemos equipas nem camiões a trabalharem, e já se passaram nove meses desde o lançamento do projecto, que está a cargo da OMATAPALO.
É mais um “calor”? É mais um daqueles projectos que ficarão no papel? Aliás, a ideia de se estender esta estrada é antiga, mesmo antes da governação de João Lourenço ouvimos isso, será que vamos continuar a sonhar? Vamos continuar a registar acidentes por conta do estado da via?
Se ainda não disponibilizaram o dinheiro, que seja disponibilizado, pois a extensão desta estrada trará desenvolvimento à cidade de Luanda, uma vez que esta zona é uma boa escapatória para o desafogar da cidade e uma porta de entrada de produtos agrícolas vindo do sul do país.
Sei que não é um projecto fácil, como construir uma escola do PIIM, inclusive até mesmo eu fiquei espantado com o prazo (dois anos) apresentado no dia do lançamento, mas há a necessidade de se cumprir com o tempo, pois demonstra seriedade da parte do empreiteiro e do próprio governo.
Acabem com o nosso sofrimento, meus senhores, pois sabemos que muitos dos operadores de táxi, ou transportes urbanos, não transitam naquela zona por terem medo da estrada. Assim, apanhar táxi nas primeiras horas de expediente e no final do dia tem sido uma “guerra terrível”, como aquela do “Zequinha da TV Zimbo”. Aquele abraço!