A mãe natureza é pródiga em exemplos simples em que se pode ver que não obstante à violência do machado e o descuido humano a flora se renova. Em alguns casos, tudo acontece ao cabo de muito tempo e noutros casos ao fim de poucos dias.
Por: Bernardino Muteka
Esta imagem trazida para a nossa experiência angolana faz-nos viajar para o tempo e reviver todo um passado de honras e glórias mas também de lutas, suor e lágrimas na luta incessante pela sobrevivência. Há gente que caminha suada há 42 anos, outros há 15 anos e outros há cinco anos. Os dois últimos (15 e 5 anos) parecem os mais sofridos para a generalidade da população, pois não aconteceu apenas o empobrecimento material, mas, sobretudo, o empobrecimento antropológico e espiritual.
Muitos fenómenos confirmam o atrás dito : a lisonja como profissão, a prostituição como emprego, o roubo e a trambiquice como estilo de vida, a delinquência como modelo social, a mentira como religião e a fofoca como forma de comunicação institucional. Poucas são as famílias e poucos são os profissionais que não alinharam por estes caminhos.
Entretanto, e como diz o Cohelet: “ há tempo para tudo debaixo da terra…..” Começou a época chuvosa e começou uma nova era….uma era em que “os impossíveis” de outrora estão a acontecer….o impensável está ao alcance da mão….e qualquer cidadão situado no Bolongongo ou na Tunda dos Gambos pode novamente sonhar…e acreditar ser possível ter uma vida digna e honrada e até estar preparado para morrer tranquilo, sem medo de que o filho seja levado para parte incerta pela falta de escola e trabalho, ou a filha seja forçada a amadurecer antes do tempo e transportar um fardo pesado para o resto da sua vida.
Há um renascer….da esperança, e, sobretudo, há um reviver espiritual visível no rosto do camponês nos longínquos campos da Matala, dos desempregados acomodados nos arredores e periferias das grandes cidades e, quem sabe ?? no rosto de muitos angolanos que em busca de trabalho e sustento para as famílias, com fé e sã consciência, foram trucidados e partiram tristes por terem deixado crianças órfãs num país difícil. Agradeçamos a Deus pelo novo Sol da Esperança e saibamos ler os sinais dos tempos, pois o ciclo se repete e a natureza se renova sempre.
Nkosi Sikelela Africa