O papel dos jornalistas angolanos acabou muito questionado nas redes sociais ontem, depois da entrevista colectiva que o Presidente da República deu a cerca de duas centenas de profissionais.
POR: José Kaliengue
Os jornalistas ficaram a saber que também são escrutinados e que a vida é diferente da que se vive nas redes sociais, do olhar constante ao umbigo e do jornalismo de fofoca e matamata. Mas tudo isso é normal. Tanto que até houve alguns equívocos nos críticos. Em primeiro lugar, a estrela do momento tinha mesmo de ser o Presidente João Lourenço, saindo-se bem ou saindo-se mal.
O jornalista teria de ser sempre uma peça secundária no que aconteceu. Mas algumas prima-donas do nosso jornalismo não perderam tempo para atacar os colegas mal tinha a entrevista terminado, nas redes sociais, claro. Uma espécie de eu é que sei, deveria lá ter estado, aquilo foi uma desgraça porque não se respeitou o género entrevista. Naquele modelo? O povo só seguiu as nossas “estrelas” sabichonas. Queriam ver o presidente a “sofrer”? O homem estava preparado.
Queriam fazer activismo? Problema deles. “Aparecismo”. Agora vão me dizer que é a sua opinião… Sim, entendo que havia uma espécie de desejo de vingança pelos quarenta anos sem entrevistas no palácio, cada um tinha uma pergunta, cada um dos 26 milhões de angolanos. É normal. Mas os gurus do nosso jornalismo não perderam a oportunidade de aparecer, ainda que à custa da imagem da profissão. Francamente! E, já agora, perguntar se João Lourenço gosta de ser Presidente ou como se sente no lugar, é fundamental, imaginemos que dissesse que não. Neste momento o país seria outro.