As universidades têm como um de seus objectivos capacitar o homem, transformando-o num capital útil, habilidoso e competente para desempenhar certo cargo secular. Muitas pessoas formadas nas universidades, desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento de um país, e por serem portadores de um raciocínio dinâmico têm dado soluções aos diversos problemas que grassam no hodierno mundo, são também revolucionadores do desenvolvimento científico que muitas vezes tem actuado como um meio para facilitar a vida humana. Hoje por exemplo, é graças a cérebros pensantes que as coisas foram se revolucionando e em parte rumando para o bom benefício do homem.
Muitas são as pessoas que subtraíram alguns anos da sua juventude e não só, para mergulhar profundamente no oceano científico e extrair dele pérolas de conhecimentos que hoje revolucionaram a ciência e o campo do saber. A comunicação já não é lá um grande problema como nos primórdios da humanidade, podemos falar com quem quisermos, a hora que quisermos e, às vezes, sem mesmo ser preciso levantar da cama — é a era da tecnologia.
Visitar um parente ou um amigo que mora do outro lado do oceano, já não é uma viagem que dura um ou mais meses. Essa evolução toda é fruto do trabalho de pessoas com mentes geniais e muitos desses receberam uma formação nas universidades. Mas em tudo já dito acima, eu quero focar-me na expressão formação superior, ou ensino superior. Talvez de um modo discreto ou despercebido, as universidades ou então as faculdades têm feito um triste jus desse título.
Como? Talvez a ideia que se passa aos estudantes. O estudante já vai às universidades com esse pensamento “vou lá receber algo superior”, o que em parte não deixa de ser verdade. Mas a pergunta que se levanta é: superior a quê? Talvez o próprio título já dá a resposta. Mas a quantas pessoas isso fica evidente? Ou o mais importante ainda, como os docentes têm transmitido essa ideia aos estudantes? Será que têm deixado claro aos estudantes a verdadeira tradução da expressão ensino superior? Ou então não tem uma outra tradução a não ser essa que todos vemos? Algumas universidades talvez sem se aperceber têm dado aos estudantes dupla formação, a do curso escolhido pelo estudante e a do curso discreto de arrogância.
Às vezes, não mal-intencionados, muitos docentes vão semeando nas mentes de seus estudantes a ideia de superioridade, de o melhor, de o mais competente…, tudo por ele ser um estudante universitário; e isso vai aos poucos embebendo ao estudante um orgulho nada saudável. E no final, o estudante acaba por ser mais qualificado em arrogância do que no curso de sua literal licenciatura. Muitos deles até podem ser bons no que fazem, mas a esmagadora maioria, infelizmente, deixa a arrogância ter a voz predominante em si mesmo. Essa acção é visível em plena luz do dia, no modo como muitos quadros, Doutores, Mestres e Licenciados actuam nas suas áreas de trabalho. Muitos deles são os que têm uma peneira, deixam vazar o profissionalismo; na maioria das vezes, as pessoas que vão à busca de seus serviços saem de lá lembrando-se mais do modo ríspido pelo qual foram tratadas do que o bom trabalho feito por eles.
Esses formados estão com os dias contados e, com essas suas competências incompetentes, estão muito longe de serem admirados e serem tratados com respeito e dignidade, pois trabalhos mal feitos — deixando muito a desejar, quando realmente se tem tudo para fazer e agir diferente — não merecem aplausos de ninguém. E nem vale a pena citar o nome desses por aí nos corredores da vida, porque estes são os que envergonham os das suas classes.
Ao invés de receberem apenas o diploma de licenciatura do curso feito, deviam é também receber o diploma da arrogância, já que é nisso o que muitos desses se mostram ser hábil. É preciso saber que, há uma formação que as escolas, as universidades não dão, só a vida dá. E uma pessoa bem formada nas escolas da vida, tem o brilho da humildade como qualidade, tais pessoas mesmo caladas ensinam a todos aqueles que são bons observadores
E tais pessoas que passaram nas escolas da vida, quando olham para aquelas que, a priori receberam um ensino superior, a transbordarem a arrogância e a jactância, são levados a inferir que a formação superior, na verdade não é superior a nada ou pelo menos não no ângulo observado pela maioria, e como consequência deixam de admirar até mesmo os bons. As formações seculares e os da vida têm lá as suas diferenças, mas quando bem equilibradas, casam bem. Por isso o meu conselho é: Não seja totalmente vassalo ao ensino superior.
Se você fez faculdade, certifique-se também de estudar na escola da vida, isso vai ajudar-lhe a regular o modo como encara e trata aqueles que vão à busca dos seus serviços. Lembra-se: nossa reputação nós fazemos, mas são os outros que avaliam. Então se tens uma posição de destaque e isso faz de ti alguém muito solicitado, não deixe a boa reputação ficar do lado de fora, antes, deixa ela fazer parte de ti como um todo, para que as pessoas admirem sua personalidade assim como admiram o seu trabalho.
POR:MANUEL RODRIGUES