As relações económicas internacionais estabelecidas entre o continente africano e economias mais desenvolvidas do globo, sobretudo as do mundo ocidental, sempre foram relações de dependência, apesar da linguagem político-diplomática e até mesmo económica devido ao fornecimento de matéria-prima considerado como relações de interdependência.
Em parte, deve-se aos condicionalismos impostos ao continente, tais como a escravatura, colonização e os choques (neo) liberais.
A industrialização do continente africano constitui o grande desafio para as lideranças de modo a reduzir o grau de dependência dos países mais industrializados.
Senão, vejamos, África do Sul, Egipto, Marrocos e Tunísia continuam a liderar em termos de pontuação relativa aos índices de industrialização no continente.
Maior parte das economias africanas apresentam défices sérios em termos de capacidade produtiva, ou seja, não produzem bens económicos e serviços suficientes para satisfação das necessidades colectivas e gerar excedentes para exportar.
Isto porque o grande problema está num dos factores de produção (o capital) tanto o fixo, como o financeiro, tornando assim o peso das importações maior em relação às exportações nas suas balanças comerciais com as economias mais industrializadas.
Algumas lideranças acreditam que o futuro da industrialização em África dependerá da deslocalização industrial das grandes economias para o continente.
Por esta razão, em alguns fóruns sobre relações económicas internacionais se vai discutindo a temática da deslocalização de indústrias das grandes economias para África, sobretudo as indústrias chinesas, porque a China tornou-se no principal parceiro económico do continente.
Mas, não acredito que a China faça isto, porque aprendeu a lição com os EUA e tem noção das implicações que a deslocalização das indústrias pode trazer na sua classe média em ascensão.
Os países mais industrializados por enquanto não estão interessados em deslocalizar suas indústrias para a África, isto porque não há interesse para que África se desenvolva, é fundamental que seja apenas a fornecedora de matéria-prima, pelos seguintes factores: •Infra-estrutura e logística limitadas; •Instabilidade política e risco de segurança; regulatório e burocrático complexo; • Qualificação da força de trabalho e educação; •Mercado consumidor menos desenvolvido.
Em suma, é necessário que as lideranças africanas concentrem os seus esforços, no sentido de melhorar os factores anteriormente mencionados.
E que façam recurso à racionalidade nos processos decisórios no âmbito das prioridades de investimento em função do capital financeiro disponível.
Por: TIAGO QUISSUA ARMANDO*
*Especialista em Relações Internacionais e docente universitário