A Língua Portuguesa ganhou espaço nos países que foram colonizados pelos portugueses. Aliás, a valorização das línguas do colonizador em detrimento das línguas de origem africana é uma infeliz característica dos modernos Estados africanos, como se verifica em Angola, Moçambique e noutras partes de África.
Em Angola, por exemplo, apesar de co-existirem diversas línguas, é a Língua Portuguesa que recebe todas as honrarias, ocupando os lugares mais importantes no país, como é o caso das administrações e escolas.
Dito de outro modo, aqui, o único código linguístico aceite no processo de ensino-aprendizagem (e não só) é a “língua de Camões”, como se plasmou na Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino.
Com base no que se disse acima, fica mais ou menos evidente o conflito linguístico que existe no país.
É um drama que se verifica desde o remoto século XIV, com maior incidência, no entanto, nos anos em que se começou a ensinar o Português, 1764 e 1772 (cf.: Adriano, 2015).
Apesar desse longo período de paz que tivemos para repensar as políticas linguísticas, ainda se verifica um silêncio gigantesco da parte do Estado angolano nesse conflito linguístico que periga as línguas nacionais, o que nos leva a seguinte questão: até quando é que vamos ignorar as nossas próprias línguas, as línguas da nossa gente, a nossa própria identidade? Angola é um país multicultural e plurilingue.
Assim sendo, dar todos os privilégios a uma única língua tem diversas implicações, até mesmo pedagógicas, uma vez que o ensino só é efectivo quando se tem, entre as línguas de ensino, uma (no mínimo) que seja materna do estudante.
Portanto, para o nosso contexto, por responder às necessidades sociais, culturais, comunicativas, etc., de todos, o ideal é que se adopte o sistema linguístico bilingue, diferente do monolingue, que é o vigente.
Se as actuais políticas (linguística e educativa) não forem alteradas, continuaremos a ter um sistema de ensino excludente e elitista.
Por: Famoroso José