Angola é um dos países a nível mundial para não ter que falar apenas de África com falas minúsculas e descriminadas sobre a questão da qualidade do ensino. Este assunto já vem sido debatido em várias vertentes, quer seja político, econômico e cultural.
Mas a grande questão é, o ensino de Angola é sem qualidade ou apenas as nossas falas que têm infernizado os resultados obtidos através da mesma? Falar de qualidade de ensino nos dias actuais é tão relevante, pois constitui um direito a todos.
Nelson Mandela nas suas vestes de pensador a favor de uma educação eficaz, dizia: “a educação é arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo”. Uma das maiores preocupações surge no número superior das escolas privadas em relação as da pública. Embora que as escolas privadas têm ajudado na redução de números de crianças fora do ensino, na qual o estado foge de cumprir com as suas exigências.
O sector privado é apenas um parceiro do estado, mas não seria o mesmo a manter com as políticas educacionais, nestas vestes o Durkheim foi feliz ao conferir ao estado uma condição de cérebro da sociedade, pois, segundo o mesmo afirma que o estado é o único órgão capaz de conduzir a educação e o sistema de ensino da nossa sociedade contemporânea. Assim sendo, deve existir uma vinculação íntima entre o estado e educação.
O estado não quer assumir com o seu papel, deixando assim as escolas privadas livre no juízo das normas e critérios que regem a política educacional. Não fiscalizando em tempo e hora, ou bem dizer, fiscalizando apenas para cumprir com a presença, e não com as demandas exigentes, deixando deste modo fazerem o que bem entender com as suas estruturas físicas.
Mas afinal de contas, quem pode abrir uma escola e com quais objectivos? Esta questão levanos a uma reflexão sobre a mercantilização das escolas privadas e não o cumprimento do papel do estado até um certo ponto. Uma das funções da educação é de integrar o homem a sociedade, isto segundo Émile Durkheim.
Diante deste cenário, as escolas privadas têm uma demanda de que “quem não paga, não estuda”, e estamos mesmo a falar sobre a mercantilização da mesma, as folhas de provas por exemplo, podem ser reproduzidas no valor de cinquenta Kwanza e serem comercializadas por cem Kwanzas ou mesmo mais do que isto.
Num juízo de moral, queremos ter qualidade com estes pormenores? Já ouvimos e vimos sobre a não comercialização das folhas de provas, mas este por um lado, o sector privado abstém-se por não receber uma receita do estado, mais uma vez, o estado tem falhado em cumprir com as suas demandas.
Não se pode falar de qualidade de ensino enquanto os professores dos “parceiros” do estado continuam com um salário inferior ao estipulado do salário mínimo nacional, isto é uma realidade, e nem enquanto tivermos as péssimas condições de trabalho nas mesmas.
Muitas dessas escolas privadas são abertas com o intuito de garantir o futuro financeiro dos empresários e não o da sociedade, por isso que hoje em dia vimos estudantes a serem expulsos por questões absurdas, que seria tratado de carácter educacional, cultural ou de um outro fórum, desde que não seja prejudicial com a aposta do capital humano.
Dizia um ditado popular “obra barata custa caro”, assim sendo há entre tanto a necessidade do estado como o maior órgão que rege as políticas educacionais tomar conta da sua função, já era o tempo das escolas não-publicas serem participadas, não a uma percentagem baixa, e as fiscalizações têm de ser rigorosas a fim de cumprir com as demandas educacionais.
A reflexão em torno da mercantilização do ensino das nossas falas em torno da qualidade, limita-se apenas nas nossas escolas privadas de ensino em Angola, mais uma vez a escola não é uma empresa.