Todos os dias morrem crianças em Angola, todos os dias morrem crianças em várias partes do mundo, se calhar em todos os países. A vida sabe ser dura a este ponto.
No entanto, em Cafunfo, na Lunda- Norte, as populações alertaram para o facto de estarem a morrer mais crianças que as da “contabilidade natural” da vida. Alguma coisa teria de haver para se explicar o fenómeno que não era habitaul.
A comunicação social fez-se ao local, os relatos davam conta de várias mortes na pediatria e também da falta de medicamentos no hospital, ou, pelo menos, da insuficiência de medicamentos. O alerta foi dado e a preocupação espalhou-se por todo o país. No entanto, as autoridades locais desataram a percorrer o caminho mais difícil, o da negação das evidências.
Acabaram por fazer um papel triste. E mais triste quando o governador provincial se viu obrigado a despir-se da gravata da função para arregaçar as mangas da bata do médico que é, em socorro da situação. E mais não é preciso dizer, os responsáveis da saúde da província, do município e do hospital de Cafunfo não têm mais condições para se manterem nos cargos.
Estão desautorizados publicamente pelo chefe máximo da província. Fica a lição:
quando se trata de saúde, da vida das pessoas, não há espaço para jogos de palavras.