Nos últimos tempos, fruto da dinâmica política e social que o país tem vivido, quatro grupos de influência de opinião têm se destacado nos diferentes espaços de discussão. O primeiro grupo designaria por EXCESSIVAMENTE OPTIMISTAS. Este grupo é constituído por aqueles que acreditam que o país está a viver momentos de transformações sem precedentes. Para este grupo, o novo modelo de governação parece ser o certo e a nova agenda política poderá produzir efeitos positivos imediatos para a vida das famílias angolanas. Reconhece capacidade de ser e habilidades no fazer do novo executivo.
POR: Josué Chilundulo
Entende que há um esforço em querer fazer diferente e que por isso há diferenças abismais entre a forma de fazer do anterior governo e a do actual. O Grupo em causa encanta-se com a aprovação de programas que sustentam políticas públicas, sugere ser desnecessária qualquer crítica ao actual modelo de governação e não dá valor a qualquer opinião contrária a sua forma de pensar. Para o grupo que vimos referindo, as nomeações e exonerações são necessárias e os sinais positivos com a quebra de paradigmas na contratação pública, na delegação de responsabilidades e nos critérios de pagamentos, são indícios bastantes para o combate a corrupção.
Sente que os problemas sociais como a falta de medicamentos, crianças fora do sistema de ensino e ausência de protecção social às famílias desfavorecidas, resultam de falhas de governação passada e que, por isso, JLO não pode ser responsabilizado. Vota cegamente nas cores partidárias e presta pouca atenção ao compromisso político dos seus partidos com a sociedade e nem abre espaço para observações negativas nas atitudes das lideranças partidárias. O segundo grupo, é aquele em que ouso designar como o dos EXCESSIVAMENTE PESSIMISTAS.
Para este, tudo não passa de um teatro político carregado de muito marketing. Não acredita que com o mesmo partido e, com as mesmas pessoas, depois de 16 anos de paz e em tempos de “vacas gordas”, surja mais alguma coisa de novo. Para este grupo, os rituais são os mesmos e a probabilidade de mudança se matem cada vez mais distante, já que o “novo executivo” serve-se da experiência de actores do executivo anterior, que na sua opinião, são os principais culpados da desgraça que o país está a viver. O grupo em causa sente um certo conformismo da parte dos decisores públicos em dar continuidade aos erros do passado, gerando política difíceis de serem executadas e sem indicadores mensuráveis e claros de monitoria e fiscalização. Para o grupo dos excessivamente pessimistas, sem que se accione verdadeiros mecanismos de combate à corrupção, para que e os verdadeiros culpados desta desgraça sejam punidos, qualquer discurso político não passaria de mera intenção. Para o grupo que vimos referindo, tudo de mal que acontece nos últimos tempos, decorre da passividade de JlO e do seu elenco.
Enfim, este grupo não é capaz de observar algum belo feito, já que apenas apresenta críticas fundamentadas e não acredita no partido no poder, para o qual a solução está na oposição, já que do poder só se espera fraudes, corrupção, nepotismo e teatro político. O terceiro grupo, dos RESILIENTES, é caracterizado por angolanos altruístas, estes que ao mesmo tempo que vão cultivando um certo optimismo, na expectativa de que alguma coisa vai melhorando, também vão, com alguma cautela, despertando para alguns sinais de alerta para erros cometidos; Para este grupo a capacidade de lidar com os problemas que a todos afligem, depende da frontalidade com que os mesmos são discutidos, e da forma como as estratégias são montadas para se vencer os obstáculos e da não cedência perante as pressões políticas, seja qual for a situação.
O grupo em causa não acredita no modelo de exonerações e nomeações… mas percebe facilmente, os grandes conflitos políticos a volta das mesmas e, para o mesmo, JLO e sua equipa de governação precisam de começar a materializar as reformas que se impõem, chamando a si a responsabilidade para o efeito, assumindo, por isso, os sacrifícios inerentes e marcar, desta forma, a história de Angola. Assim, este grupo observa Angola com optimismo, como um país que tem tudo para dar certo, mas que, para isso, precisa de olhar para dentro de si e encontrar as soluções dos seus principais problemas, por via da inclusão do cidadão, em todo o seu processo de reformas. Têm uma vontade forte de participar do processo de construção democrática do país, mas não querem ser “bajuladores” e acham que o sucesso deve ser conquistado pelo mérito próprio.
É constituído por profissionais com esmero, que cumprem com o seu papel no local em que estão inseridos, mas estão cada vez mais desesperados com a falta de esperança por não vislumbrarem a luz no fundo do túnel. Nos sonhos deste grupo, Angola tem tudo para dar certo, mas precisa de pessoas certas nos lugares certos. Por isso, não acredita na partidarização das mentes, nem olha com bons olhos a partidarização de todos os assuntos que deveriam unir os angolanos; Só por isso, continua a apregoar o sentido da participação de todos num modelo de governação participativa e integradora. Por último, temos o quarto grupo, o dos APROVEITADORES, que é constituído, essencialmente, por gente astuta, que aprendeu a tirar proveito da fraqueza do sistema de governação que imperou até a bem pouco tempo. Muitos dos que o integram acumularam riquezas ilícitas e, por isso, estão totalmente insatisfeitos com as mudanças mínimas que vão ocorrendo fruto da dinâmica governativa dos últimos tempos.
Na sua forma de pensar, esse grupo acredita ter cumprido com o seu papel e que foi natural o processo de acumulação selvagem de capital. Grande parte da vida dos integrantes deste grupo é feita fora de Angola e o seu património foi construído para servir os seus interesses na manipulação dos processos públicos. Como tal, este é um grupo de pressão, que com isso vai alimentando o ego dos “PESSIMISTAS”, chantageia os “OPTIMISTAS” e desmoraliza os “RESILIENTES”. Em suma, o grupo que estamos a referir sabe que a melhor forma de influenciar e impor as suas agendas é persuadir os pessimistas a se revoltarem contra tudo e todos para que continue a tirar proveito da situação de desordem instalada. É o principal gerador de “fake news” porque diverte-se, facilmente, com notícias falsas que fortificam o pessimismo de alguns e desmoralizam o optimismo de outros.
Este é o nosso país, o país que nos viu nascer com nossas falhas e acertos. Quem se propõe a governa- lo tem de ter a hombridade de aceita-lo como é: com sua adversidade cultural e todas as suas crenças. Uma nação precisa nascer estoica e morrer epicurista, quando com maturidade procura entender o que de melhor quer para os seus cidadãos. Fazer o País dinâmico e competitivo, apesar de diferente, passa por se definir uma estratégia pró-activa que permita, com mérito, estabelecer um pacto social onde o interesse comum permite eliminar qualquer tragédia que comprometa a construção de uma sociedade boa para se viver. Aperfeiçoemos com zelo e rigor as nossas práticas… Porque o País é nosso e nós merecemos!