Todos já alguma vez provavelmente chegamos a dizer: “Viver em Angola e Cansativo.” Tal expressão, ecoam de lábios não apenas de baixa escolaridade e de reduzido porte económico.
Todos somos parentes no que tange ao sofrimento em um país que tem tudo mais pouco se desfruta. Cada pessoa se torna génio desde tenta idade, em encontrar músicas ou inventar poesias que retratem a sua mais profunda tristeza por um viver expresso em graus superlativos absoluto sintético.
Assim, tal como os termos com enquadramentos conotados, nós construímos frases que embora expressam em sentido primário o belo e a excelência, são enquadrados para representar nossos pessimismos e impaciência.
Deste modo, fazemos de um Angola um refúgio de conotações verbais no qual quando falamos de “uma coisa”, quer dizer completamente qualquer outra coisa menos aquilo que falamos.
Assim, precisamos lembrar a quem de direito, que mesmo quando se levantam expressões vulgares tais como: “o país está bom” Angola cuia”, etc. quer precisamente dizer tudo ou qualquer coisa, menos aquilo que soa em sua denotação ou sentido literal.
Assim, Angola é um país que se vive em sentido conotado e de termos expressamente revistos de figuras de estilos. Segundo a sinfopédia, as figuras de estilos são “recursos estilísticos que servem para dar ênfase nas frases.”
Assim, elas seriam qualquer recurso voltado a causar melhoramento nas palavras, embelezamento das expressões, e mudança em seu sentido literal. Assim, estamos costumados a chorar por nossa dor enquanto rimos, reclamar enquanto cantamos e desabafar enquanto dançamos.
Cada um destes actos figuramos expressam na maioria dos casos, o pior descontentamento por um pedido não concretizado, um estômago não alimento, um sonho frustrado e um futuro ameaçado.
Nós não achamos este recurso necessariamente bom, contudo, aprendemos a não dizer o que sentimos tal qual como sentimos e não divulgar o que exprimimos.
Fazemos recurso a metáfora para falar da nossa fome, da hipérbole para expressar os problemas, do paradóxo para falar do que não concordamos e da antonomásia para dizer em muitos termos tudo aquilo em que, em situações normais seriam ditos em simples palavras. Isso é um recurso autónomo alheio a nossa vontade. Este mecanismo nos transcende, é algo que está ligado em nossa idiossincrasia.
Enfim, quando já desde a infância nos ensinaram que Angola é um país grande e belo, já sabíamos que o grande desafio até hoje, é sempre saber se se trata de uma frase ambígua, ou de mais uma, que embanhada de conotação, talvez nunca quis dizer o que se disse. Enfim, és aí: A Angola em Figuras de Estilo.
Por: *Sampaio Herculano
*Coordenador do Clube de Língua Portuguesa da Mediateca do Cazenga