A reputação do empresário sudanês Mo Ibrahim é praticamente inquestionável. Há alguns anos que, através da sua fundação, o também filantropo atribui a antigos presidentes africanos um prémio pela forma como estes dirigiram os seus países e se afastaram do poder, sobretudo de maneira natural, sem os atribulados golpes de Estado e outras convulsões políticas.
Na verdade, trata-se de um requisito difícil de ser cumprido no continente, onde as transições políticas e a passagem de testemunho entre novos e antigos chefes de Estado acabam sempre por ser alcançados por vias mais controversas.
Só por isso, desde que instituiu o prémio com o seu nome, houve vezes em que não houve vencedores. Desde então, sempre que se anuncia algo envolvendo a sua instituição, poucos são os que colocam em causa as decisões e conclusões a que chegam os estudos ou indicações.
Ontem, uma vez mais, a fundação lançou o índice de boa governação em África, onde também consta uma apreciação sobre o nosso país. Angola, lê-se, foi um dos países africanos que registou dos maiores progressos em termos de governação durante a década de 2014-2023, segundo o Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) 2024.
Num momento em que existem alguns críticos à governação do Presidente João Lourenço que dizem que não, não acreditando até em melhorias, o relatório da Fundação Mo Ibrahim vem dizendo o contrário, numa avaliação em que está também três anos de gestão do então Presidente José Eduardo dos Santos.
A maioria dos anos avaliados pertence ao actual Chefe de Estado. Mas, nem por isso, não obstante o abrandamento que se verifica na economia desde 2019, o país não deixou de melhorar na visão dos experts que chegaram à referida conclusão.
O país faz parte de um grupo de 13, conforme notícias relatadas ontem, representativos de 20,5% da população do continente, onde os progressos foram mais rápidos na segunda metade da década em análise. Vindo da referida fundação, a avaliação deverá acalentar muitos dos governantes angolanos, mormente aqueles que dirigem os sectores mais nevrálgicos da economia nacional.
Porém, há que assinalar que há muito trabalho ainda por se fazer e necessidades primárias que devem ser satisfeitas. O ideal é que todos os angolanos, onde quer que estejam, se revejam no estudo ontem apresentado e que, de facto, nos orgulham. Mas, quando se diz que se está no bom caminho, entretanto, não há como não aplaudir.