Ao mesmo tempo que os médicos se debatem com a miséria humana, com o sofrimento, porque os medicamentos não chegam, porque as medidas preventivas não estão a ser bem aplicadas e por isso o fluxo de doentes não diminui, porque não há braços para tanta procura, nem de médicos, nem de enfermeiros, e até porque os serviços, mesmo só em infra-estruturas não estão perto de toda a gente;.
POR:José Kaliengue
Ao mesmo tempo em que o Estado gasta milhões e milhões tentando construir um serviço de saúde que sirva eficazmente os cidadãos, mesmo com os furos causados pela corrupção; Ao mesmo tempo em que a ciência avança e a comunicação social faz esforços apoiando as entidades vocacionadas para a educação para a saúde preventiva; Eis que surge no “mercado” uma água milagrosa que tudo cura.
Mas que para ter efeito exige fé suficiente (quem a quantifica?), frequência em cultos e o inevitável dízimo que pode ser multiplicado as vezes que o desespero ditar. Tudo às claras, nas barbas das autoridades, com cartazes publicitários, em programas televisivos e radiofónicos. Se têm fé os seus promotores, se são caridosos, se são homens de Deus, não fariam o milagre de salvar milhares de crianças?
Exige-se demonstração de fé a um bebé? Os milagres de Cristo foram feitos em troca de uma declaração ou de um “cartão partidário” comprovando a fé no cristianismo? Como chega à Angola tal água? Com que certificados? Com que estatuto? Gente deste tipo de igreja milagrosa, com fogueiras, arrebatamentos, etc., não morre? Não deveria, de tantos milagres. Tenham piedade, andem de pediatria em pediatria e deem de beber às crianças a água milagrosa. Deus iria gostar.