Lamentavelmente a narrativa do ódio e a intolerância política nos dias de hoje atingiram o cúmulo do ridículo. Tem sido frequente em grupos das redes sociais, a utilização de uma estratégia no sentido de condicionar, coagir, limitar a acção de todo e qualquer militante do partido político MPLA no sentido de não exercerem na plenitude o seu direito e liberdades de expressão, pensamento e opinião, ignorando a premissa que os militantes do MPLA, são cidadãos como quaisquer outros, que têm todo o interesse em ver o país desenvolver tal como os demais membros da sociedade, padecem dos mesmos problemas que afligem os seus compatriotas e são tão prejudicados quanto os outros se não existirem boas condições de vida no país e existindo condições favoráveis beneficiam como os outros.
A predisposição e o modo que cada um usa para lutar e enfrentar as dificuldades e adversidades que são comuns e extensivas a todos é que varia de pessoa para pessoa e de grupo para grupo.
Uns se predispõem a contribuírem e apoiarem as iniciativas do partido que governa e o Executivo e outros livremente assumem um posicionamento contrário, o que é normal em democracia. Sobre o que é anormal irei fazer uma abordagem seguidamente.
Na esmagadora maioria dos grupos publicam-se um número infinito de matérias sem o mínimo interesse público, intelectual ou social e normalmente ninguém se queixa ou insurge contra tais publicações.
Porém, basta alguém publicar alguma coisa que diga respeito ao MPLA, surgem sempre automaticamente grupos de indivíduos que se insurgem sem ao menos sequer analisarem, avaliarem o conteúdo das publicações ou os comentários com a objectividade que deveriam merecer.
Outros entendem que podem fazer postagens de carácter ou pendor político sempre contra o Executivo e o MPLA, contra o regulamento interno dos grupos, no entanto, quando são rebatidas alegam que a finalidade do grupo já não é essa.
Muitos nos seus posts e comentários em grupos mais abertos e nos órgãos de comunicação social, colocam-se claramente na posição de activistas políticos, promovendo iniciativas políticas partidárias, actuando e defendendo a agenda de determinado partido sob a “capa” de membros apartidários da sociedade civil, actuando sempre fora da lógica da imparcialidade visando única e exclusivamente o MPLA e o Executivo.
O mais curioso é que os cidadãos que apresentam este tipo de comportamentos negativos, normalmente quando são confrontados com a gravidade de algumas das suas declarações em determinado contexto, usam quase invariavelmente o pretexto de estarem a ser ameaçados, quando na realidade se debatem com a reacção adequada ao comportamento dos mesmos, ou seja, advertidos relativamente aos excessos e a possibilidade de responsabilização.
Têm quase todos uma característica em comum, usam e abusam da intolerância política, uma atitude comportamental típica de gente ignorante, mal-formada em termos de carácter, ou mal-educada, que não se devia preocupar com comentários ou publicações que como eles se referem, não lhes acrescenta em nada, nem lhes diminui mas ainda assim o fazem.
Seguindo a lógica que defendem, diante de tais eventos, deveriam estar disponíveis para um debate de ideias aberto, consubstanciado e alicerçado no espírito democrático, sem ataques pessoais, ou ataques direccionados e qualquer outro tipo de ofensas, ou remeterem-se ao silêncio, ignorando o que não lhes acrescenta ou diminui.
Quem não se revê em determinada publicação, em determinada actuação ou opção política, fique com a sua e respeite a alheia.
Estes cidadãos têm de perceber que não têm o direito de tentar limitar direitos fundamentais de outrem, de cidadãos seus compatriotas que em sentido contrário, não apresentam esse tipo de postura em relação aos mesmos.
Na maioria das vezes vão publicando nos grupos em que são integrantes muita informação sem importância ou relevo algum, matérias que não são do interesse geral, que não estão relacionadas ou que não servem para
atender aos objectivos para os quais os grupos foram criados e muito menos dignas de serem partilhadas. Entendo e defendo que cada um deve publicar a matéria política ou de outro género que seja do seu interesse, doa a quem doer e ninguém tem o direito de tentar coagir, limitar os direitos fundamentais de outro cidadão consagrados na Constituição da República de Angola.
Cada angolano deve apoiar o partido que quiser sem ser molestado. O cidadão angolano tem de ser educado, tem de aprender a conviver na diferença, tem de deixar de ser intolerante, tem de aceitar que os outros exprimam os seus pontos de vista, tem de respeitar as convicções alheias e confrontálas se necessário, sem ofensas morais, abusos, insultos ou lesão de direitos ou ofensas e violações a integridade ou dignidade alheia.
Devido a multiplicação e generalização destes comportamentos nocivos que vivemos situações extremas durante décadas e tais atitudes devem desaparecer definitivamente do nosso quotidiano político e social.
Os intolerantes, os mal-educados têm de se adaptar a sociedade ou a comunidade onde estão inseridos e devem amadurecer literalmente, caso contrário, com o tipo de atitude e declarações a que recorrentemente se apoiam, arriscam-se, sujeitam-se num alto pendor de probabilidades e em último recurso a serem responsabilizados pelos seus excessos.
Temos de aprender a viver com a pluralidade de ideias e de opiniões. Quem não gosta de alguma coisa, da opinião alheia, tem o direito e tem de aprender a debater se o quiser, mas faça dentro dos marcos da lei, com ética, com princípios, com urbanidade e acima de tudo com dignidade, respeitando a sua e a do próximo.
Não podemos ceder perante posicionamentos e ideias retrógradas só para agradar a este ou aquele. Os cidadãos têm de aprender a viver até com o que não gostam na sociedade desde que não viole nenhum direito seu.
Cada um defenda os seus ideais mas não desrespeite o seu próximo. Cada um escolhe o caminho que quer para a sua vida e quem não estiver preparado para viver em sociedade, sejam elas pessoas de alguma idade e experiência, ou sejam jovens adultos, dificilmente colherá bons frutos.
Apesar do cenário difícil, complicado, de crise económica e financeira, temos de promover a cultura do diálogo permanente, de educação, de ponderação, de correcção entre as pessoas.
A intolerância tem de ter limites. Ninguém tem o direito de desrespeitar, violar os direitos de personalidade de outrem.
Viver em democracia pressupõe indispensavelmente a aceitação da diferença e sempre que entender necessário, cada um deve defender e publicar o que lhe aprouver. Com a intolerância política não se constrói uma sociedade sã e muito menos uma Nação.
Por: OMAR NDAVOKA ABEL