Ao reflectirmos sobre a análise da formação de treinadores de futebol em Angola, cada vez mais, ficamos com a noção de que a reflexão crítica deverá ser elaborada, não apenas, por aqueles que observam externamente a realidade, permanecendo fora delas, mas, especialmente, por quem está no seu interior, de modo a que se formulem alternativas coerentes com as transformações qualitativas que se pretendem promover nessas realidades.
Neste sentido, torna-se imprescindível a intervenção dos que trabalhando no terreno, estão em condições de conhecer, melhor do que ninguém, as realidades objectivas e de percepcionar e compreender a viabilidade das soluções que se pensam aplicar, com vista ao desenvolvimento das suas competências através da formação ao mais alto nível, para obtenção de licenças Pro da FIFA e “A” da CAF.
Para o meu desagrado, os treinadores angolanos continuam inabilitados para orientar equipas nas provas da CAF, por não possuírem a licença “A”. Sei que tem sido feito um esforço neste sentido, mas precisamos de muito mais.
Roque Sapiri, pelo Sagrada Esperança, e Mário Soares, pelo Bravos do Maquis, orientaram as suas equipas a partir da bancada, nas preliminares das afrotaças. O dinheiro esbanjado para compra de viaturas para as Apf’s, com fins eleitorais, poderiam ter sido canalizados para suportar à formação de alguns tantos treinadores de futebol.
Já apareceram alguns “sabichões” a atribuir a responsabilidade total aos treinadores para a obtenção desta licença da CAF, querendo assim ilibar a FAF, e a ATEFA, associação de treinadores, que apregoam apenas a palavra formação, aquando das campanhas eleitorais.
Moçambique é um grande exemplo no processo de formação de treinadores, com habilitação para as exigências da CAF, tendo nesta altura setenta treinadores com a licença “A” e cento e vinte cinco com a licença “B”.
Os treinadores portugueses são hoje uma referência mundial, mas em determinada altura foi a federação de futebol de Portugal a assumir a responsabilidade pela formação de monitores, que asseguraram o surgimento da actual fornalha de técnicos.
Se Portugal e Moçambique conseguem, porquê que Angola não consegue? Imitar não é crime, os bons exemplos devem servir sempre de referência nas nossas acções.
Utopia é ter apenas três treinadores na classe top da CAF e mesmo assim achar que estamos no caminho certo para ombrear com as melhores selecções do continente. Deixem a vaidade de lado e pensem apenas por ANGOLA!
Por: Luís Caetano