O Perigo da Cultura do Descrédito Este é daqueles artigos que nos obriga a ter títulos e subtítulos. A cada amanhecer, leio em portais e grupos de WhatsApp os “cientistas do Google” que pouco sabem e muito criticam.
Proliferam desinformação para desacreditar o bom trabalho de muitos jovens e angolanos no geral. A sociedade angolana, como tantas outras, enfrenta uma onda crescente de descredibilização que se espalha com rapidez pelas redes sociais.
Iniciativas relevantes são frequentemente atacadas por uma enxurrada de críticas destrutivas, muitas vezes baseadas em desinformação ou na simples necessidade de manifestar oposição.
A logomarca oficial do Governo de Angola e dos 50 anos da Independência, por exemplo, recebeu críticas infundadas que ignoram o valor estético e tecnológico da sua concepção.
Da mesma forma, o retorno do Afrobasket ao País, um feito que deveria ser celebrado como um marco para o desporto nacional, encontrou resistência nas redes sociais por parte daqueles que preferem disseminar a negatividade.
Este não é um problema exclusivo de Angola. Em várias democracias emergentes e consolidadas, há um padrão de descredibilização digital que atinge projectos governamentais, iniciativas empresariais e até acções sociais.
O Brasil, os Estados Unidos e países europeus também enfrentam desafios semelhantes, onde o discurso digital pode construir ou destruir reputações em questão de minutos.
Crítica Construtiva vs. Cultura da Destruição
O pensamento crítico é uma ferramenta essencial para qualquer sociedade democrática e progressista. No entanto, há uma diferença entre a crítica construtiva e a cultura da destruição.
Enquanto a primeira visa aprimorar projectos e iniciativas, a segunda apenas desmotiva e destrói sem oferecer alternativas viáveis. A juventude angolana precisa desenvolver a capacidade de distinguir entre um questionamento legítimo e um ataque desnecessário.
A sociedade digital contemporânea cria um paradoxo: nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, tão propensos à desinformação e à manipulação.
O negacionismo, aliado ao populismo digital, cria um ambiente onde qualquer conquista pode ser transformada em fracasso por meio da repetição de narrativas distorcidas.
Para ilustrar, podemos lembrar como grandes líderes globais souberam reverter discursos negativos com acções concretas. Nelson Mandela enfrentou décadas de difamação antes de se tornar um símbolo de paz e reconciliação.
Da mesma forma, Angela Merkel e Barack Obama lidaram com ondas de ataques digitais durante os seus mandatos, mas conseguiram manter as suas agendas de progresso com foco em soluções reais.
Se olharmos para a história, veremos que os momentos de maior transformação foram guiados por lideranças que optaram por um discurso construtivo, mesmo diante de adversidades.
O abolicionista Frederick Douglass, por exemplo, não se limitou a criticar o sistema escravista; ele propôs soluções e lutou activamente por um mundo mais justo.
Na contemporaneidade, movimentos inovadores só prosperam quando há um olhar optimista e estratégico para o futuro, e não apenas um festival de lamentações.
A juventude angolana precisa abraçar essa mentalidade: o País não pode avançar se os seus cidadãos estiverem mais preocupados em destruir do que em construir.
A tecnologia pode ser uma grande aliada, mas apenas se usada para fomentar o desenvolvimento e não para propagar desânimo e negatividade.
Para isso, é fundamental criar programas de capacitação para o uso responsável das redes sociais e incentivar influenciadores digitais a disseminarem conteúdos que promovam um debate saudável e produtivo.
O Papel da Juventude na Construção de uma Angola Digital Positiva O futuro do País depende directamente da forma como os jovens decidem usar as suas vozes nas redes sociais e nos espaços de debate.
Tornar-se um “influenciador da esperança” não significa ignorar os desafios, mas sim abordálos com soluções, ideias inovadoras e espírito crítico responsável.
Criticar o que está errado faz parte da cidadania, mas elogiar e valorizar o que está certo também é um dever. A construção de uma Angola digital positiva passa pela capacidade de reconhecer avanços, estimular boas práticas e evitar cair na armadilha da descrença perpétua.
A tecnologia deve servir como uma ponte para o futuro, e não como um campo de batalha onde tudo se reduz a narrativas destrutivas.
A juventude tem um papel fundamental nesse processo, pois cabe a ela escolher se será protagonista do progresso ou refém do negativismo.
Para fortalecer essa visão, é possível fomentar projectos que conectem jovens criadores de conteúdo com iniciativas governamentais e empresariais, criando um ecossistema digital que premie a inovação e o impacto positivo na sociedade.
Vivemos em um tempo onde a desinformação e a negatividade podem viralizar em segundos, mas a construção de um futuro sólido exige paciência, esforço e resiliência.
O convite que fazemos à juventude angolana é para que, ao invés de apenas criticar, participe. Em vez de destruir, construa. Em vez de propagar o cepticismo, escolha a esperança. Angola não precisa de espectadores que aplaudem o caos, mas de protagonistas que trabalham para o progresso.
O mundo digital pode ser um aliado ou um inimigo – a decisão está nas mãos de cada um. Com iniciativas concretas, aprendizado crítico e um olhar voltado para o futuro, a juventude angolana pode transformar as redes sociais em um espaço de crescimento, cooperação e inovação. Afinal, ser positivo não significa ignorar os problemas, mas sim enfrentálos com inteligência, estratégia e determinação.
Por: Edgar Leandro