Na verdade, são dois poetas, dois amigos, dois irmãos, dois filhos de Cabinda, dois vizinhos, dois Filipes, dois filhos de Angola, dois reservados, dois conservadores, dois modernistas, dois guitarristas, dois letristas, dois idealistas, dois compositores… prontos, no fundo, são dois músicos.
Esses dois músicos, sempre se apresentaram de forma muito própria e original, tanto a nível de canto como instrumental e letra, onde ressalta o elevado grau da poesia, ou seja, Filipe Zau e Filipe Mukenga são dois amantes de letras e textos de complexidade de entendimento, porque recorrem frequentemente aos recursos estilísticos para compor suas canções, portanto suas músicas reflectem sempre um aroma perfumante de bom cheiro, que enriquece a nossa composição.
Filipe Zau e Filipe Mukenga, expressam nas suas canções temas de romance, que exaltam o íntimo, a beleza, o amor e os segredos da mulher, outras vezes em gestos de contos cantados retratam temas sociais, crônicas e prosas que valorizam a terra mãe Angola.
Filipe Zau, fica mais pelas composições musicais, do ponto de vista da letra como também das feituras da fabricação das melodias e arranjos, dificilmente o vimos assumir o comando principal vocal da interpretação de uma canção, reservando-se na back, onde por lá acaba por realizar muitos trabalhos, dentre estes alguns do repertório angolano, com o realce para o projeto Pomba Branca, projeto de paz e reconciliação em Angola, e outras contendo em álbuns de Filipe Mukenga, André Mingas, Djavan, e outros nomes da música nacional e internacional, da antiga e da nova geração.
Luanda, Lua e Mulher, e o título do álbum musical é intemporal de Filipe Zau, cantado e tocado numa mistura de gêneros musicais, com vários temas interessantes, onde se ressalta e realça a canção HOUVE NOVEMBRO, que valoriza a Rebita de Angola e o Jazz de outras paragens musicais.
Por outro lado, encontramos Filipe Mukenga, cantor e compositor angolano, que prefere, apesar das vicissitudes das exigências da sua música, se manter no activo.
Mukenga gosta de cantar outras coisas da música e da vida, que muitas vezes nos deixa uma mistura do tradicional e do moderno, o facto é que Filipe Mukenga adora escrever diferente. Por exemplo, “EU SOU FILHO DA KIZACA, um animismo que se refere a Cabinda.
Com vários álbuns e participações, Mukenga ostenta um respeito nacional e internacional, sobretudo de uma grande linhagem de músicos brasileiros consagrados como, Djavan, Martinho da Vila, e Gilberto Gil, que o trata como irmão.
Portanto, Filipe Zau e Filipe Mukenga ambos apresentam uma musicalidade muito diferente no universo da canção angolana, enaltecendo uma renovação estética que acrescentou na sua beleza, pós o Blues, o Jazz e a Bossa-nova em conexão com a Rebita fez novos resultados musicais, assim como fez André Mingas.
Importante referenciar que esta linha de artistas ofereceu novos respirar para a música angolana, apesar de ainda ser um grupo muito restrito de fazedores e consumidores no nosso mercado.
A MUSICALIDADE DOS FILIPES é simples e complexa, é linda e perfumada, é surreal e realista, é sexy e decente, parece fácil e difícil, é doce e amarga, é acadêmica e literária, no fundo, é uma multiplicidade de felling com uma narrativa rica, que faz convidar os ouvidos a uma viagem entre o passado e o futuro, ou seja, A MUSICALIDADE DOS FILIPES ZAU E MUKENGA É TRADICIONAL E MODERNA.
Por: Pedro Rosa
Investigador Cultural