A língua é um dispositivo multifuncional, quer dizer, assume muitas funções em relação à finalidade que dela se pretende. Os profissionais, geralmente, têm uma língua que lhes serve de instrumento de trabalho, com a qual estabelecem as relações profissionais, dialogam, etc. O trabalho do professor pressupõe um meio pelo qual ele executa a sua tarefa, missão; um elemento primário sem o qual os objectivos não são alcançados, melhor dizer, cumpridos.
A preferência pela linguagem verbal é um dos factos inegáveis das comunidades linguísticas, se comparadas às linguagens gestual, simbólica, etc. A língua constitui o maior instrumento de trabalho do professor; dominá-la significa dar um passo à frente ao processo de interacção que resulta na melhor transmissão dos conteúdos, no diálogo e relação entre ele e seus interlocutores.
O domínio aqui referido da língua é sobre as suas diversas modalidades de uso. Uma das universais linguísticas diz que toda língua natural possui variações e uma gramática que lhe é inerente. Como instrumento de trabalho, a língua usada pelo professor deve, necessariamente, ser exemplar, pautada na correcção, clareza, harmonia e objectividade.
Significa que o professor deve dominar, sobretudo, a gramática normativa, aquela que recomenda o “bom uso da língua” em circunstâncias formais. Sendo o professor um profissional acreditado no desenvolvimento da cultura académica, a língua de que dispõe como instrumento de trabalho reflecte, igualmente, a cultura académica, no sentido de não ser trivial, porquanto a excelência é o que se espera das pessoas formadas.
É extensivo a todos os professores, não somente o de português, como se tem pensado, o manuseio da língua que se configura como língua de ensino, que, ao mesmo tempo, é seu instrumento de trabalho. Então, conhecê-la funcionalmente é a condição necessária para melhor fazer o seu trabalho, pois essa é o fio condutor na construção e manipulação de conhecimento. Portanto, a língua é, para o professor, o pré-requisito para a execução da sua tarefa principal, desenvolver nos alunos as competências necessárias.
POR: Manuel dos Santos