Um desportista de alta competição vive numa constante missão. Treina muito, está permanentemente em estado de concentração e encontra-se sob uma pressão imensa.
A evidente e profunda vontade de vencer dos grandes campeões induz reacções instintivas que, por vezes, vão bastante além do razoável, circunstâncias essas onde a emoção fala muito mais alto do que a razão.
Devido à exigência que existe no futebol profissional, a formação também terá de se assemelhar no que diz respeito a esse processo, pois só assim teremos atletas com potencial mental para integrar equipas de topo.
Durante a minha vida profissional, indaguei vários treinadores sobre este interessante tema e quase todos concordaram que preferem, muitas vezes, encontrar um jogador com debilidades tácticas, mas pretendem sempre futebolistas motivados e com vontade de aprender diariamente.
Pessoalmente, defendo que um jogador pode ter muito talento, mas aquilo que fará a diferença será o seu carácter e disciplina. Também sou apologista que, para que um jovem jogador seja formado com sucesso, deverá ser eficaz a nível técnico-táctico, físico e, sobretudo, a nível mental.
Mas, para que isso seja alcançado com sucesso, ao jogador, terá de lhe ser incutido valores de trabalho, disciplina, rigor, confiança e grande ambição para se tornar um atleta de elite.
No entanto, não podemos afirmar que as ocorrências disciplinares são algo fora do normal. Fazem parte da emoção do desporto. Induzem histórias nos jornais. Alimentam os chats dos fãs. São desejáveis? Não. No final, acaba tudo bem? Sim.
Com toda a certeza, que as condições de respeito e integridade voltam sempre ao normal. Não se entenda aqui um incentivo ou um relativizar barato das situações no futebol sujeita à apreciação disciplinar.
Antes pelo contrário. Os regulamentos existem para serem cumpridos. Dada a exigência do futebol profissional, o futebol de formação terá de ter a mesma exigência.
As competências sociais e psicológicas são de extrema importância, devendo incutir atitudes e valores dentro e fora de campo aos jovens futebolistas para que estes construam e moldem a personalidade.
Estes valores não serão apenas importantes no futuro de um futebolista, também terão grande importância no futuro como homens, pois poucos são aqueles que chegam ao topo, mas estes valores serão importantes na vida futura de um jovem fora do mundo do futebol. É por isso que estes valores devem ser trabalhados e desenvolvidos ao longo do processo de formação do jovem futebolista.
Aos jogadores, devem-lhes ser incutidos um espírito e uma cultura de vitória, estes terão de estar habituados a ganhar. Uma equipa de futebol só é digna disso mesmo, quando todos os jogadores, sem excepção, querem ganhar, independentemente de jogarem ou não.
No entanto, ganhar não se cinge ao número e ao resultado final. Vencer significa ganhar cada treino, ganhar capacidade para jogar, ganhar capacidade de sofrer, ganhar vontade de jogar e ganhar espaço para jogar com disciplina.
Por: LUÍS CAETANO