A falácia de que apenas os professores de língua portuguesa é que devem corrigir os erros de grafia, nos textos dos alunos, está a fazer com que a nudez da escrita tome conta de muitas vestimentas de estudantes, professores e não só.
Há pouco estive a defender, e já debati muito sobre isso, que a correção gramatical, nas escolas, devia ser um exercício extensivo a todos os integrantes no processo educativo, não importa quem fosse e em que área estivesse inserido.
Agora, atenhamo-nos em dois pontos importantes: (i) A língua portuguesa, em Angola, é um veículo de ligação entre povos, é oficial e de administração.
(i) Não importa o quê ou como, é sem escapatória aprender ou a dominar, minimamente, se quisermos ter sucessos profissionais.
Atendendo ao que se disse acima, acompanhem um facto ocorrido há alguns anos com o meu amigo.
Este foi selecionado para trabalhar num dos colégios bem prestigiados da província da Huíla, embora sendo de nível básico e médio, eram rigorosos quando o assunto fosse o domínio da norma escrita.
Então, esse amigo, no seu primeiro momento para elaborar uma prova do professor, antes que os enunciados chegassem aos alunos, devia passar pelo crivo do director pedagógico; depois no do chefe da disciplina ou coordenador, só de seguida é que ia às mãos dos alunos. Esse acto seria benéfico se todas as escolas optassem em aplicá-lo.
O amigo, no dia da entrega, infelizmente, os que deviam averiguar não tinham aparecido; nem o director pedagógico tampouco o coordenador da disciplina. Portanto ele arriscou-se, aplicando-a aos alunos.
Uma semana depois, trouxe-a para que os alunos verificasem seus resultados e levassem a casa para que os pais assinassem.
Porém, nessa de reclamações, um dos alunos respondeu-lhe que a prova dele tinha ficado com o pai porque depois passaria na escola para falar com a direcção pedagógica.
O professor ficou tranquilo sem desconfiar de nada.
Quando, de repente, foi interpelado pela direcção pedagógica a fim de terem um encontro. Chegando a sala de reunião, sentado os pais do menino, o director pedagógico dirigiuse ao professor com as seguintes palavras: Professor, chamamo-lo aqui para abordarmos um assunto que deixou triste os encarregados do aluno tal, da turma X, da sétima classe.
O que foi? Perguntou já preocupado.
Foi daí que lhe foi explicado o ocorrido.
O que houve é que, o menino de 11 anos, ao notar alguns erros no enunciado da prova de língua portuguesa, não quis acreditar nem atacar o professor por ser menor de idade.
Foi quando decidiu levar a prova aos pais para que estes viessem ter com a direcção e esta conversar com o professor da cadeira.
No final das contas, e graças a Deus, o professor não perdeu o emprego.
Aceitou o conselho de ter muito cuidado ao elaborar provas e que, a partir daquele dia, valorizaria mais a correção gramatical.
Trouxemos essa experiência para dizer que é imperioso que os de não especialidades comecem a dar mais importância e valorização à correção gramatical nos textos dos seus alunos.
Imaginem que o especialista cometeu erros de a ponto serem detectados por um aluno menor de idade, e se fosse um enunciado de um de não especialidade?
Portanto, sejam os de história, geografia, matemática, física, química, biologia ou educação física, todos somos chamados a corrigir quando se der o caso de haver erros nos textos dos nossos alunos.
Só assim estaremos a chamá-los à razão de que é assim que se escreve, e há muitíssimas formas de o fazermos.
Tal como dizem Da Silva e De Melo (em a ortografia na sala de aula) “é preciso que o aluno tome consciência das razões do porquê errou e como poderia ultrapassar esses erros.”
E é aí onde entra o papel de um professor; reitero, o trabalho é para qualquer profissional da educação e não apenas para os de especialidade em língua portuguesa.
Por: Gabriel Tomás Chinanga