Este é um trabalho que visa recepcionar criticamente o texto de reflexão de Adílson Fernando João publicado no jornal OPaís, dia 23 de Abril de 2021, à luz das teorias curriculares.
Escolhemos este texto, porque propõe a implementação de algo que não existe no currículo oficial.
A reflexão é deveras pertinente, pois espelha a necessidade de se integrar elementos que nos sejam mais valiosos no processo de ensino-aprendizagem.
Para o efeito, recorremos à teoria sobre a flexibilidade do currículo, a gestão do currículo e os níveis de decisão para aprovação de propostas reformadoras dos currículos.
À luz da lei de base do sistema de educação e ensino em Angola, nos seus princípios gerais de sistema de educação, segundo capítulo, no seu artigo 5, enaltece que: o sistema de educação e ensino rege-se pelos princípios da legalidade, da integridade, da laicidade, da universalidade, da democraticidade, da gratuitidade, da obrigatoriedade, da intervenção do Estado, da qualidade de serviços, da educação e promoção dos valores morais, cívicos e patrióticos.
Que, para o autor do texto, o mesmo princípio, na sua prática, apresenta uma inverdade aquando do capítulo 16, (Língua de Ensino), no segundo ponto, que diz: o estado promove e assegura as condições humanas, científico-técnicas, materiais e financeiras para a expansão e generalização da utilização no ensino, das demais línguas de Angola bem como da linguagem gestual para os indivíduos com deficiência auditava. Vale ressaltar que, O currículo pode ser um meio de desejos.
Ou seja, quem governa, isto é, no nível de decisão político, escolhe o tipo de cidadão que quer formar; fruto disso, pode-se formar um cidadão passivo ou activo em função dos desejos de quem nos governa.
Por intermédio dos grandes objectivos da educação, o governo traça as políticas educativas para um tipo de cidadão que ele quer formar.
Aliás, em função dos seus objectivos, forma o tipo de quadro que ele pretende e, muitas vezes, essa forma de gizar as políticas tem impedido o desenvolvimento de alguns países, sobretudo os em via de desenvolvimento.
Ora, a implementação da língua gestual no currículo escolar oficial consta no princípio da gestão flexível do currículo.
Assim, poderemos questionar: que tipo de gestão do currículo fará uma escola inserir a disciplina de língua gestual?
A escola é para todos, pois, a Constituição da República de Angola consagra esse direito a todos os angolanos.
Se assim entendermos, a sua implementação consistirá na heterogeneidade dos alunos. Logo, uma gestão curricular baseia-se na adequação dos conteúdos e dos processos de ensino às características dos alunos.
Para se implementar um dado projecto em um currículo depende de vários factores.
Pois, para que o currículo chegue aos alunos depende dos seguintes níveis: Nível político é o nível ao qual compete definir a política educativa.
Ou seja, neste nível traça-se os fins, os seus beneficiários e valores a promover.
Por: António Kutema