O director, enquanto gestor escolar, exerce um papel fundamental para garantir o sucesso da instituição de ensino. Assiste-lhe a tarefa de garantir o bom desempenho da escola e engendrar estratégias para facilitar o aprendizado dos alunos.
Por outro lado, sendo um lugar para aquisição dos valores, atitudes, hábitos e padrões de comportamentos socialmente recomendados, não pode ser gerida por qualquer um profissional.
Segundo Brito (1991:35), gerir uma escola é governá-la numa perspectiva da sistemática inventariação dos problemas, accionando todos os recursos humanos, materiais e financeiros para a resolução e satisfação dos seus anseios, necessidades e projectos, com vista ao alcance do sucesso escolar e educativo dos alunos.
O exercício da função directiva, em muitas escolas, tem sido uma miragem, resultando na descoordenação do corpo docente e, consequentemente, no insucesso escolar dos alunos.
Por outra, o problema do ensino, paradoxalmente ao que se tem defendido, tem vindo, muitas vezes, de quem a dirige, criando, entre os professores, um cenário avesso à emancipação, transformando a escola num lugar monótono onde não há liberdade à opinião contrária.
Alguns directores, se calhar por terem sido nomeados por conveniência política e não por competência, são um Calcanhar de Aquiles ao bom funcionamento das escolas.
Muitos deles arrogam-se quase sempre, fazendo das escolas uma instituição militarizada, dirigindo-se aos seus colegas sem o mínimo de respeito.
Ou seja, vai se instalando um <descambar ético> em algumas escolas que tem dado origem a todo tipo de caos.
É evidente que director nenhum terá sido nomeado para inviabilizar o curso normal do processo de ensino e aprendizagem, logo não dominando o trabalho para o qual foi incumbido, limita-se à perseguição de professores que representam perigo à sua incompetência.
Porém, se soubesse a importância de agregar distintos competentes e não os olhar como perigo ao seu status, teria tirado vantagens nesse agregado de diferentes cérebros.
Em Luanda, a título de exemplo, segundo informações fidedignas, há escolas onde os professores, por apresentarem opiniões contrárias e por não se submeterem ao silêncio sepulcral, vêem-se sob martírio. Ou seja, são retaliados.
Esse modelo arcaico deve ser evitado com urgência, não é normal que tenhamos, em pleno século XXI, directores que se intimidam com opiniões contrárias às suas, esperando que lhes prestem culto como se fossem deuses.
Um director, cônscio das suas responsabilidades e da sua competência, não se intimida por nada, muito menos pelo nível de escolaridade de um professor.
Assiste à Repartição Municipal da Educação, sendo uma instituição responsável pela fiscalização e cumprimento dos normativos ligados à educação, marcar encontros permanentes de auscultação com os professores a fim de perceber os dilemas por que passam, visto que muitos, por conta da opinião contrária, sofrem retaliações, recebendo, na ficha de avaliação, uma nota tão desproporcional ao trabalho desenvolvido ou ainda um tratamento parcial em meio aos outros.
Portanto, às vezes, o professor é obrigado a pedir transferência para se ver livre das injustiças!
Por: António Raimundo