É filosofia de base: antes de submeter a fuba ao exercício transformador, mesmo que a fome esteja a gritar fortemente, dança-se a matemática num ritmo de contagem dos dentes que a água tiver.
Salvem-se os que souberem «pinar» nestas lagoas!
Ou seja, um culto ao silogismo, às fintas e aos golpes que a vida nos atira no rosto, quando dormimos em demasia: se um homem perder seus «travões nos pés», logo, pode descer de uma montanha de olhos vendados?
Há uns anos, a cidade de Saurimo tem vindo a testemunhar partidas de arrancar o pé. Haja quem, na altura, tenha feito apocalipses. Grande alegria, né?!
Vulto aos lábios euforia passageira é caldo dos petizes, porque encontramos algum mecanismo de trocar «umas frescas» pela tarde de futebol.
Os que «driblam magicamente com os pés», no fundo, são pensadores, pois conjugam a força, a flexibilidade, a rapidez e os cartuchos do cérebro.
Isso mesmo: pensar é um jogo para aqueles que são mais fortes de espírito.
Afinal, qual é o mar que atravessa a existência do Desportivo da Lunda-Sul, cujas águas pesam tanto?
Pensemos com os pés, com as cabeças verticais: os campos causam-nos pelenguela nas pernas? Será que o chão engoliu a magia dos nossos atletas?
É que, cá para os meus botões, só andamos a dar assistência ao estômago, mas à baliza do campo que é boa, nhete, nem só um ca-golo vitorioso.
Raras são as ocasiões nas quais saímos efusivos.
Os que estão no comando da partida, de antemão, antepernas e antetudo, são chamados a dormirem pouco.
Como é conhecido, há desaires que são competa maldição.
Essas bolas que nos escapam da baliza parece que há guardaredes invisíveis que importunam nossas alegrias desportivas – têm alguma explicação?
O tempo voa e, por isso, as circunstâncias não têm o costume de triplicar as bênçãos. Foram poucos a quem a vida abençoou mil vezes.
Agora, que julgo termos alguma massa nas contas nunca ouvi que os jogadores viajaram a pé até Luanda temos de aproveitar contratar bons jogadores, montar sistemas tácticos que sejam capazes de dar surra aos adversários.
Se continuarmos a cobrir os olhos, quando estivermos frente à baliza adversária, a chuva vai continuar distante dos nossos sorrisos e não vamos ter capacidade de plantar alegrias, resultantes do desporto.
Por fim e porque pessimista é, cá para os nossos cálculos, um optimista precavido, como me diz um amigo editor ando na luta entre o facto e o meu sonho:
com tanta bassula que levamos nos campos, como ganhamos vontade de apoiar a nossa equipa?
Como?
Por: SALVADOHAR XIMBULIK