Este ano marca o 10º aniversário da Iniciativa Cinturão e Rota. O Terceiro Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional está a decorrer em Beijing.
Xi Jinping, o Presidente da República Popular da China, salientou que a Iniciativa Cinturão e Rota teve origem na China e pertence ao mundo; tem raízes na história e está virada para o futuro.
Já em 140 anos a.C., durante a dinastia Han na China, a famosa missão de Zhang Qian às regiões ocidentais, uma missão de paz que partiu de Chang An, a capital da dinastia Han, começou a abrir o caminho do Oriente para o Ocidente, completando a “Viagem Pioneira”.
Depois disso, o povo trabalhador e corajoso da Ásia e da Europa explorou uma série de rotas comerciais e culturais que conetaram várias civilizações da Ásia, Europa e África, conhecidas como a “Rota da Seda”.
A antiga Rota da Seda estendia-se por milhares de quilómetros e prolongava-se milhares de anos, abrindo uma janela para intercâmbios amigáveis entre países.
Durante as dinastias Tang, Song e Yuan na China, as Rotas da Seda terrestres e marítimas desenvolveram-se simultaneamente, nas quais os viajantes da China, Itália e Marrocos deixaram as suas marcas históricas.
No início do século XV, na dinastia Ming, o famoso navegador chinês Zheng He fez sete viagens marítimas a mais de 30 países na Ásia e em África, deixando uma legenda milenar.
Ao contrário dos colonizadores de outros países, a Rota da Seda era ligada por camelos e boa vontade em vez de cavalos de guerra e lanças, e a Rota contava com barcos de tesouro e amizade em vez de navios de batalha e canhões.
Nesta Rota, havia o livre fluxo de capital, tecnologia, pessoal e outros factores de produção, com compartilhamento de mercadorias, recursos, frutos, e assim por diante, para alcançar o desenvolvimento e a prosperidade comum, acumulando o Espírito de Rota da Seda –“paz e cooperação, abertura e inclusão, aprendizagem mútua e benefício mútuo”.
Sendo isso a demonstração viva da cultura tradicional chinesa e também a essência da Iniciativa Cinturão e Rota.
Desde o início do século XXI, a sociedade humana entrou numa era de grande desenvolvimento, de mega-mudanças e de profundos ajustamentos, com agravação de déficits de paz, desenvolvimento, segurança e governação.
Perante a pergunta do século “O que se passa com o mundo e o que devemos fazer?”, o Presidente Xi Jinping apresentou, em 2013, o conceito da construçã o de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, defendendo a construção de um mundo de paz duradoura, segurança universal, prosperidade comum, abertura, inclusão, limpeza e beleza, unindo um amplo consenso e forças para construir em conjunto um mundo melhor.
O conceito tornou-se uma bandeira clara que lidera a tendência dos tempos e a direcção a seguir pela humanidade. Como prática importante do conceito da construçã o de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, o Presidente Xi Jinping propôs construção conjunta do “Cinturão Econômico da Rota da Seda” e da “Rota da Seda Marítima do Século XXI”, conhecida como a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR).
A iniciativa tem se pautado em solucionar o problema de interconectividade, tendo conceito orientador como abertura, verde e transparência, aderindo ao princípio de consulta, construção e compartilhamento conjuntos e buscando altos padrões, sustentabilidade e melhoria do bem-estar do povo.
A ICR trouxe maior vitalidade à antiga Rota de Seda, e tornouse o caminho de oportunidades e prosperidade para todos os países.
Nos últimos 10 anos, a China e os países participantes da ICR têm promovido continuamente a coordenação de políticas, a conectividade de infraestruturas, o comércio desimpedido, a integração financeira e laços interpessoais mais estreitos, e ICR desenvolveu de um conceito para uma prática, tornando-se um produto público internacional e uma plataforma de cooperação global bem aplaudidos, que transcende as limitações geográficas, supera as diferenças culturais, integra as necessidades de desenvolvimento.
Até à data, a China assinou mais de 200 documentos de cooperação no âmbito da ICR com 152 países e 32 organizações internacionais, aumentando o investimento para quase 1 trilião de USD, criando 420.000 postos de trabalho nos países participantes e erradicando a pobreza para cerca de 40 milhões de pessoas.
De acordo com um relatório do Banco Mundial, a construção conjunta da ICR tem ajudado a aumentar 4,1% de comércio, 5% de investimento estrangeiro e 3,4% do PIB dos países participantes. Angola, um importante parceiro económico e comercial da China em África, foi dos primeiros países a aderir à ICR.
Nos últimos 10 anos, a ICR construiu novas pontes para a amizade e a cooperação China-Angola, impulsionou a cooperação sino-angolana para uma qualidade mais elevada e extensão mais vasta, acrescentando novos destaques nos domínios do investimento, da saúde, da energia, do digital etc., que melhoraram fortemente as condições de vida da comunidade local.
Até à data, o número de empresas chinesas em Angola ultrapassou 400, com investimento acima de 24 mil milhões de USD. No ano passado, o Presidente João Lourenço testemunhou a inauguração do Parque Tecnológico da Huawei, com um investimento superior a 80 milhões de USD.
A Huawei vai assegurar a formação de mais 10.000 talentos das TIC para Angola em 5 anos, promovendo a transformação digital e a inovação. Em abril deste ano, foram colocadas em funcionamento a 1º e 2º lotes do projeto de combate à seca na província do Cunene, construído por empresa chinesa.
Esse projeto irá satisfazer as necessidades de água de 235 mil pessoas e 400 mil cabeças de gado ao longo do percurso, e irrigar 5 mil hectares de terras agrícolas, tendo sido saudado como o “Canal da Vida” pelo Sr. Abdulla Shahid, Presidente da 76ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em maio deste ano, o Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça, construído por empresa chinesa, concluiu a primeira frase do desvio provisório do Rio Cuanza.
O projecto proporcionará emprego a dezenas de milhares de angolanos durante o período de construção. Após a sua conclusão final, esse Aproveitamento satisfará mais de 40% da procura de energia eléctrica em Angola e reduzirá as emissões de gases com efeito de estufa em 7,2 milhões de toneladas por ano, ajudando mais pessoas a usufruir de energia verde e limpa.
Existem muitos outros projetos de referência como acima mencionados.
A China sempre busca altos padrões, sustentabilidade e melhoria do bem-estar do povo na construção da ICR, que não só dá um novo impulso à diversificação económica, industrialização e desenvolvimento sustentável de Angola, como também reforça o entendimento mútuo e a amizade entre os povos chinês e angolano.
Os resultados da cooperação nos últimos 10 anos provaram plenamente que a ICR está conforme a tendência dos tempos para globalização económica, responde as necessidades do século para a reforma no sistema de governação global, centra-se sempre no objetivo a longo prazo e nas necessidades do desenvolvimento comum global e satisfaz as aspirações de todos os países, especialmente as de países em desenvolvimento, para promover a paz e o desenvolvimento.
A ICR irá certamente aprofundar-se cada vez mais e estará numa longa trajetória promissora. De acordo com as perspectivas do Banco Mundial, até 2030, a construção da ICR trará um benefício anual de 1,6 trilhões de USD ao mundo, representando 1,3% do PIB mundial; fará com que o comércio dos países participantes cresça entre 2,8% e 9,7% e que o comércio mundial cresça entre 1,7% e 6,2%; e permitirá que 32 milhões de pessoas saiam da pobreza moderada e 7,6 milhões de pessoas da pobreza extrema.
A China e Angola terão novas oportunidades de cooperação na construção conjunta da ICR, e a diversificação económica, a industrialização e o desenvolvimento sustentável de Angola continuarão a ganhar nova força motriz da ICR.
Navegando nas ondas do mar e de vento em popa, é a hora de içar a nossa vela e cruzar no enorme oceano.
Ao entrarmos numa nova década, a China aproveitará o Terceiro Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional como uma oportunidade para resumir as suas realizações e elaborar novo plano juntamente com outros países do mundo, incluindo Angola, de modo a tornar este “Cinturão de Desenvolvimento” mais próspero e a “Rota de Felicidade” mais larga, visando a promoção do desenvolvimento de maior qualidade da ICR e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, dando novas contribuições para a recuperação económica e o desenvolvimento sustentável do mundo.
Por: CHEN FENG
*Encarregada dos Negócios da Embaixada da China