O presidente da Ucrânia considera que o seu homólogo francês “está a perder tempo” ao tentar negociar com Vladimir Putin
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, avisou ontem Segunda-feira o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que as aspirações de manter aberto o diálogo com o Presidente russo, Vladimir Putin, são “inúteis” e uma “perda de tempo”. “Será um diálogo inútil.
A verdade é que Macron está a perder tempo.
Cheguei à conclusão de que não estamos em condições de mudar o comportamento da Rússia”, reconheceu o Presidente ucraniano, em declarações ao jornal italiano Corriere della Sera.
Zelensky defende que se Putin decidiu “isolar-se no sonho de reconstruir o antigo império soviético”, os restantes países pouco podem fazer para o evitar.
“Quando as sanções económicas foram impostas, houve quem nos acusasse de isolar a Rússia.
Mas não era a verdade.
Foi a decisão de lançar a guerra que marginalizou Putin”, argumentou o Presidente ucraniano.
Questionado sobre as divergências no Governo italiano – no qual a primeira-ministra, Giorgia Meloni, apoia Kiev, mas dois dos seus principais aliados, Silvio Berlusconi e Matteo Salvini, não escondem a simpatia por Putin – Zelensky mostrou-se confiante na prevalência da actual linha da diplomacia de Roma.
“É fundamental não perdermos o apoio da Itália e de nenhum outro país (…). Acreditamos que manter o apoio italiano é fundamental para garantir o de outros países e isso vale também para a unidade da Europa, onde a Itália tem um papel de destaque nos campos económico, social e político”, explicou o líder ucraniano.
No entanto, Zelensky reconheceu que em futuras conversas com Meloni abordará esse assunto e ironizou que Kiev talvez também deva enviar presentes a Berlusconi, referindo-se a alguns áudios do exprimeiro-ministro italiano em que este reconheceu ter recebido até 20 garrafas de vodca de Putin.
Zelensky comentou ainda uma recente sondagem na qual apenas 50% dos italianos consideram Putin o agressor no conflito na Ucrânia, dizendo que isso não significa que metade da população italiana seja pró-russa.
“Acho que existe uma parte importante da população que está indiferente, que teme a guerra, teme o custo da energia, teme a inflação.
Enfim, gente normal que não quer problemas.
O meu esforço é explicar por que nos defendemos”, concluiu o Presidente ucraniano.
No Domingo, vários ‘media’ italianos avançaram que Giorgia Meloni desloca-se esta semana a Kiev e que terá um encontro com Zelensky.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de Fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).