O embaixador da China na Austrália, Xiao Qian, rejeitou ontem que o seu país tenha subornado Nauru, a nação insular do Pacífico Sul que anunciou na Segunda-feira a ruptura de relações diplomáticas com Taiwan para se aproximar de Pequim
Numa conferência de imprensa que durou mais de duas horas na embaixada da China em Camberra, Xiao Qian negou que Pequim tenha oferecido incentivos financeiros a Nauru para romper os laços com Taiwan.
“Para ser honesto, não temos qualquer interesse em envolvermo-nos nessas questões”, disse, citado pela imprensa australiana. “Não houve dinheiro, não houve nada”, realçou.
Numa breve declaração divulgada na Segunda-feira, o governo de Nauru, uma pequena nação do Pacífico Sul com fortes laços com a Austrália, sublinhou que o país reconhece o princípio Uma só China’ e pretende reatar relações diplomáticas plenas com Pequim, que considera Taiwan uma província sua, apesar de atuar como uma entidade política soberana.
A decisão de Nauru seguiu-se às eleições de Sábado em Taiwan, onde o vice-presidente e candidato do Partido Democrático Progressista (DPP), William Lai, um crítico de Pequim, venceu com 40% dos votos.
O diplomata chinês também afastou os rumores de que a China está a tentar assinar um pacto de segurança com Nauru, como fez em 2022 com as Ilhas Salomão, dando início a uma corrida entre Pequim, Washington e os seus parceiros, incluindo Camberra, para aumentar a influência numa região outrora negligenciada.
Xiao observou ontem que há “espaço” para a Austrália e a China “coexistirem” no Indo-Pacífico e que os dois países podem ser “parceiros” e não “rivais”, embora tenha advertido a Austrália contra a mudança de posição em relação a Taiwan, referindo-se ao seu respeito pelo princípio ‘Uma só China’.
A vitória em 2022 do trabalhista Anthony Albanese deu um impulso às relações sino-australianas, que foram tensas durante o mandato de Scott Morrison, especialmente quando, em 2020, o então líder australiano apelou a uma investigação internacional sobre a origem da covid-19.