Pelo menos seis responsáveis ucranianos foram, ontem, demitidos de funções, juntando-se a outros 13 decisores que já tinham sido afastados, na Terça-feira, por suspeitas de corrupção ligada a fornecimentos, sobretudo, de bens alimentares ao exército
A Procuradoriageral da Ucrânia anunciou, em comunicado, ontem divulgado, a saída “pelo seu próprio pedido” de cinco procuradores das regiões de Zaporijia (Sul), Kirovograd (centro), Poltava, Sumy e Cherniguiv (Norte).
Também o chefe do departamento de compras do exército, Bodgan Khmelnytsky, foi ontem demitido, depois de ter sido suspenso em Dezembro, avançou o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, numa mensagem publicada na rede social Facebook.
As demissões de ontem aconteceram um dia depois de uma série de renúncias e demissões, tendo sido expulsos cinco governadores regionais, quatro vice-ministros e dois responsáveis de uma agência governamental, além do director adjunto da administração presidencial e do vice-procurador-geral da República.
Na origem da remodelação esteve um escândalo relativo a um contrato assinado pelo Ministério da Defesa a um preço alegadamente sobrevalorizado para fornecimento de produtos alimentares destinados aos militares.
Segundo a presidente do comité anti-corrupção do Parlamento ucraniano, Anastassia Ardina, o Ministério da Defesa admitiu, ontem, que “houve erros” no contrato, garantindo que estão a ser feitas “revisões aos preços” para os corrigir.
Reznikov tinha, inicialmente, referido que o escândalo se baseava em “acusações infundadas” sob“falsos pretextos”, mas hoje [ontem], o ministério anunciou, na rede de mensagens Telegram, que tem em curso uma reforma do sistema de alimentação do exército.
Nem todas as demissões estão relacionadas com este escândalo e algumas foram causadas por suspeitas de outros tipos de crime.
Este é o primeiro grande caso de corrupção conhecido na Ucrânia desde a invasão russa, iniciada em Fevereiro de 2022, e surge num momento em que os aliados ocidentais de Kiev se preparam para enviar tanques modernos e outras ajudas militares.
Antes da guerra, o país já era regularmente abalado por escândalos de corrupção semelhantes.
Na Terça-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, realçou que as remodelações do seu Governo são necessárias para a “aproximação às instituições europeias” e assegurou que vai continuar a “tomar as medidas adequadas”. “Quaisquer questões internas que atrapalhem o Estado estão a ser removidas e continuarão a ser removidas.
É justo, é necessário para a nossa defesa e ajuda na nossa aproximação às instituições europeias”, sublinhou o chefe de Estado ucraniano no seu discurso nocturno diário dirigido à nação.
Na Segunda-feira, o Conselho Nacional de Segurança e Defesa proibiu viagens aos responsáveis ucranianos que viajem para fora do país “em férias ou para qualquer outra finalidade não-governamental”.