O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, afirmou, ontem, que o Governo turco está a impor à Suécia uma série de exigências para aceitar a sua adesão à NATO que Estocolmo “não pode nem quer cumprir”.
“[A Turquia] quer coisas que nós não podemos e não queremos dar-lhe. Agora a decisão [da adesão à Aliança Atlântica] recai sobre os turcos”, declarou o primeiro-ministro sueco durante a Conferência Povo e Defesa, realizada em Estocolmo, citado pelo jornal ‘Aftonbladet’.
A conferência contou também com a presença do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, e do ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto, outro país que também se candidatou à adesão à NATO para, na sequência da invasão russa da Ucrânia, se proteger da ameaça da Rússia e que, tal como a Suécia, depende do levantamento do veto turco.
A Turquia tem recusado admitir os dois países na Aliança Atlântica até que ambos entreguem todos os indivíduos acusados por Ancara de pertencerem a organizações curdas declaradas pelo governo turco como grupos terroristas, como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Por outro lado, a Turquia também pede a abertura do comércio bilateral de armas.
Antes da conferência, o chefe da diplomacia finlandês garantiu que a Finlândia esperará que a Turquia e a Suécia resolvam as diferenças.
“Não estamos com tanta pressa para entrar na NATO.
De qualquer forma, esperamos que a Suécia receba o sinal verde”, disse Haavisto.
A 03 deste mês, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, insistiu que a Finlândia e a Suécia têm de dar “mais passos” para cumprir as exigências de Ancara para obterem “luz verde” da Turquia para a adesão à NATO, considerando que “o tempo urge”
. A entrada de um novo país na Aliança Atlântica requer a ratificação pelos parlamentos dos 30 países membros, um passo que todos, menos a Hungria e a Turquia, já deram.
O governo turco tem estado a analisar a questão da adesão da Finlândia e da Suécia à Aliança Atlântica com vários outros países, incluindo os Estados Unidos, acrescentou Çavusoglu, sublinhando neste contexto que prevê um encontro com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, a 18 deste mês, em Washington.
“A quem nos questiona sobre esta questão, dizemos que quando os passos forem dados, quando os compromissos forem cumpridos, a adesão será uma realidade”, insistiu o chefe da diplomacia turca.
Nesse sentido, aludiu aos memorandos assinados pela Turquia com a Suécia e a Finlândia no final de Junho de 2022, em Madrid, à margem da cimeira da NATO, nos quais Ancara condiciona a ratificação da sua entrada a uma série de exigências. Entre outras, Ancara espera que a Justiça dos dois países entregue várias pessoas que acusa de terrorismo, uma das principais exigências.
Por outro lado, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deu a entender que o Parlamento da Turquia poderá esperar pelas próximas eleições gerais de Junho no país antes de votar nova extensão do pacto militar.