“Nunca pensei que isto pudesse acontecer nos EUA”, declarou o expresidente norte-americano num discurso perante os apoiantes na sua mansão em Mar-a-Lago, Florida
Horas depois de se tornar o primeiro ex-presidente a responder a acusações criminais da história dos EUA, Donald Trump criticou duramente o processo judicial de que está a ser alvo num discurso perante um grupo de apoiantes na sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.
“Nunca pensei que isto pudesse acontecer nos EUA”, disse o expresidente republicano. “É um insulto ao nosso país”, acrescentou Trump após voltar de Nova Iorque, onde conheceu a acusação que é alvo num caso relacionado com o suborno a uma actriz de filmes pornográficos, Stormy Daniels.
“O único crime que cometi foi defender sem medo a nossa nação contra quem procura destruí-la”, afirmou Trump.
O republicano retomou sua campanha eleitoral, demonstrando que os escândalos jurídicos não vão impedir a sua ambição de voltar à Casa Branca.
Num discurso de 20 minutos, Trump disse que foi vítima de “ingerência eleitoral maciça” e chamou os procuradores que o investigam de “esquerdistas radicais”.
O clima festivo, com aplausos a Trump e vaias aos rivais, lembrou os comícios habituais do magnata.
Assim como os temas escolhidos, como os ataques aos democratas e a acusação sem provas de que foi roubado nas eleições de 2020 que perdeu para Joe Biden.
Acusações históricas
Horas antes, em Nova Iorque, o expresidente declarou-se inocte das acusações de falsificação de registos comerciais numa audiência criminal que abriu caminho para um julgamento que pode começar em Janeiro de 2024, poucos meses antes das eleições presidenciais.
O bilionário de 76 anos foi indiciado por 34 acusações, nas quais é referido o pagamento, em 2016, de 130 mil dólares para comprar o silêncio da actriz de filmes pornográficos Stormy Daniels na campanha eleitoral de 2016 após um suposto caso extraconjugal ocorrido dez anos antes, algo que sempre negou.
Essa manobra, segundo a procuradoria de Nova Iorque, foi orquestrada para não prejudicar a imagem de Trump diante das eleições daquele ano.
O ex-presidente também é acusado de pagar 30 mil dólares para silenciar um porteiro da Trump Tower que dizia ter informações sobre um suposto filho ilegítimo, enquanto uma mulher que diz ter sido sua amante cobrou 150 mil dólares, detalhou o procurador Alvin Bragg em nota à imprensa.
O então advogado de Trump, Michael Cohen, foi o encarregado de fazer o pagamento, e o magnata terá reembolsado o seu representante legal da altura em parcelas, supostamente fazendo-as passar por honorários profissionais.
O pagamento à actriz não foi declarado nas contas de campanha do então candidato presidencial de 2016, uma possível violação das leis eleitorais do estado de Nova Iorque.
Em conferência de imprensa após a audiência, Bragg disse que “não se pode normalizar condutas criminosas graves” e que “todos são iguais perante a lei”.
Este caso é apenas um dos vários problemas legais para o ex-presidente, que também está sob escrutínio pelos esforços em querer reverter a derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia.
Também está a ser investigado pelo seu suposto papel na insurreição de 6 de Janeiro de 2021, a invasão ao Capitólio dos EUA, bem como por terem sido descobertos documentos secretos na sua posse após deixar a Casa Branca.