Os soldados do Sudão do Sul fazem parte da força militar da Comunidade da África Oriental (EAC), composta por sete nações e criada em Junho passado para estabilizar o conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC).
É uma região em grande parte flagelada por dezenas de grupos armados – um legado das guerras regionais que irromperam nos anos 90 e 2000.
Na província do Kivu do Norte, os rebeldes do M23 capturaram faixas de território e avançaram várias dezenas de quilómetros da sua capital, Goma, desde que voltou a emergir, no final de 2021.
A força da EAC composta por tropas quenianas, burundesas e ugandesas, bem como sul-sudanesas deverá supervisionar uma retirada planeada dos rebeldes M23.
“Bem-vindos”
“Bem-vindo a Goma”, disse um oficial da força EAC, dirigindo-se aos recém-chegados do Sudão do Sul.
“Encontram-se agora num ambiente operacional diferente – precisam estar prontos”.
Ainda não está claro qual será o tamanho do contingente sul-sudanês, nem onde será destacado.
Em Dezembro, o Sudão do Sul disse que enviaria 750 tropas para a RDC.
M23
O M23 ganhou primeiro destaque internacional em 2012, quando capturou Goma, antes de ser expulso e colocado no terreno.
Mas o grupo liderado por Tutsis ressurgiu em finais de 2021, argumentando que o Governo tinha ignorado uma promessa de integrar os seus combatentes no exército.
Ganhou então uma série de batalhas contra o exército congolês e capturou grandes partes de Kivu do Norte, desencadeando uma crise humanitária, à medida que centenas de milhares fugiam do seu avanço.
Várias iniciativas regionais destinadas a desanuviar o conflito fracassaram.
Um cessar-fogo angolano mediado deveria ter entrado em vigor a 7 de Março, por exemplo, mas entrou em colapso quase imediatamente.
O dia 30 de Março deveria marcar o fim da retirada de “todos os grupos armados”, de acordo com um calendário adoptado em meados de Fevereiro pela EAC.
“Prazo não foi cumprido”
Entretanto, o prazo não foi cumprido.
O comandante da força EAC disse aos repórteres na Sexta-feira que a retirada prevista da M23 seria “sequenciada”.
Embora inicialmente tenham sido recebidos com entusiasmo, muitos congoleses são cada vez mais críticos da força da EAC, devido à esperança frustrada de que as tropas regionais levassem a luta directamente para o M23.
O porta-voz do também recémdestacado contingente ugandês disse, ontem que as tropas serão uma “força neutra” e que “não combateriam o M23”.
Os membros do M23 devem retirar-se das áreas ocupadas pelos militares ugandeses ao abrigo do plano, disse ele.
O grupo rebelde permanece no controlo de áreas substanciais do Kivu Norte, e cercou quase completamente Goma, que tem o Ruanda a Leste e Lago Kivu a SuL.