Um tribunal do Bangladesh concedeu, ontem, liberdade sob fiança ao Nobel da Paz, Muhammad Yunus, que recorreu da pena de seis meses
Yunus que recebeu por violação das leis laborais, num caso que os seus apoiantes dizem ter motivações políticas, segundo Reuters. “Apresentámos hoje [ontem] o nosso recurso ao tribunal.
O tribunal aceitou ouvir o nosso recurso, suspendeu o veredicto do tribunal inferior e concedeu fiança até que o recurso seja resolvido”, disse o advogado de Yunus, Abdullah Al Mamun, à EFE.
O advogado acrescentou que o tribunal marcou para 03 de Março a revisão dos documentos da primeira instância que decidiu a sentença contra o laureado com o Prémio Nobel e três outras pessoas, no dia 01 de Janeiro.
Nesse dia, foram condenados por um tribunal de trabalho de Daca a seis meses de prisão por múltiplas violações da legislação laboral.
Mas, foi-lhes concedido um mês de liberdade sob fiança que foi, ontem, prorrogado até ao resultado do recurso.
A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a liberdade de expressão, Irene Khan, criticou a sentença que considerou uma “farsa da justiça”, bem como a utilização do tribunal de trabalho como arma contra um laureado com o Prémio Nobel da Paz.
Yunus foi acusado, em Setembro de 2021, de não ter criado o Fundo de Contribuição dos Trabalhadores e o Fundo de Previdência na sua empresa e de não ter partilhado com os seus empregados os benefícios que lhes eram devidos.
Outras acusações incluem irregularidades no emprego de 100 trabalhadores. Yunus recebeu o Prémio Noel da Paz em 2006 por ter fundado o Grameen Bank para combater a pobreza no Bangladesh, desenvolvendo o conceito de micro-crédito, que concede empréstimos a pessoas pobres que normalmente não teriam acesso ao sistema financeiro.
No entanto, desde a chegada ao poder da primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, Yunus tem mantido uma relação tensa com as autoridades do país, sobretudo, depois da publicação de um documentário, em 2010, que denuncia transferências ilegais de fundos entre as duas entidades do Grupo Grameen.
Yunus enfrentou mais de 170 processos sob a acusação de corrupção, branqueamento de capitais, evasão fiscal e violação da legislação laboral.
Numa carta aberta enviada a Hasina a 28 de Agosto, 176 líderes mundiais, incluindo o antigo Presidente dos EUA, Barack Obama, o antigo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, e mais de 100 laureados com o Prémio Nobel, manifestaram a sua preocupação com a “contínua perseguição” a Yunus.