O opositor russo Boris Nadezhdin afirma que o conflito na Ucrânia se tornou semelhante à I Guerra Mundial, e que neste combate de trincheiras “todos chegarão à conclusão de que ninguém pode vencer a guerra”
“A A l e m a n h a perdeu a força que tinha na II Grande Guerra, saiu debilitada do confronto mundial. O conflito actual assemelha-se mais à I Guerra Mundial, não à segunda: as tropas mantêm-se nas trincheiras sem grandes avanços”, disse à Lusa em Moscovo Boris Nadezhdin.
“Quanto aos planos da Rússia, julgo que não é tomar Kiev. Estamos perante uma verdadeira guerra de ‘drones’”, adiantou, referindo-se aos aparelhos não tripulados que, por ar e mar, têm sido usados por ambos os lados com eficácia no campo de batalha.
Boris Nadezhdin é quase um veterano da política russa, mas graças à sua mensagem contra Vladimir Putin e a guerra na Ucrânia a sua candidatura às eleições presidenciais russas reuniu apoios e gerou entusiasmo popular, recolhendo mais de 100 mil assinaturas, número necessário para se registar oficialmente como candidato às eleições.
Questionado sobre um possível desfecho para o conflito na Ucrânia, que já está no terceiro ano e sem fim à vista, o opositor russo diz acreditar que ninguém pode vencer.
“Penso que todos chegarão à conclusão, numa certa altura, de que ninguém está em condições de vencer a guerra. Então, o caminho apontará para um tratado de paz”, adiantou.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
De salientar que a Rússia cumpriu ontem um dia de luto nacional na sequência do ataque ocorrido na sexta-feira à noite e que é já o mais mortífero em solo europeu reivindicado pelo Estado Islâmico, fazendo perto de 133 mortos.
De acordo com os investigadores, os atacantes entraram de rompante na sala de espectáculos Crocus City Hall antes de abrirem fogo, com armas automáticas, sobre a multidão e atearem um incêndio. Questionado pela Lusa, o opositor russo escusou-se a comentar o atentado terrorista: “nada vou dizer sobre isso!”.