O ex-presidente russoconsiderou que a suspensão da participação no tratado New START foi uma “decisão tardia”
O ex-presidente e actual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, voltou a comentar, ontem, Quarta-feira, a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, sobre a suspensão da participação no tratado New START, o último pacto de controlo de armas nucleares com os Estados Unidos da América (EUA).
Numa publicação, na plataforma Telegram, Medvedev considerou que se trata de uma “decisão tardia” e reiterou que a Rússia tem “direito de se defender com qualquer arma, inclusive nuclear”.
A decisão de Putin, anunciada na Terça-feira, foi “motivada pela guerra declarada pelos Estados Unidos e outros países da NATO” à Rússia e terá “repercussão no mundo em geral” e “nos EUA em particular”, país que sofre de “senso de superioridade e impunidade”.
“Se os Estados Unidos desejam a derrota da Rússia, estamos à beira de um conflito mundial. Se os Estados Unidos querem derrotar a Rússia, temos o direito de nos defender com qualquer arma, inclusive nuclear”, defendeu.
Medvedev comentou ainda o discurso do presidente norte-americano, Joe Biden, também essa Terça-feira, em Varsóvia, na Polónia, em que o democrata afirmou que “se a Rússia parar a sua invasão, ela terminará agora”, mas “se os ucranianos pararem de se defender, será o fim da Ucrânia”.
Na óptica do ex-líder russo, trata-se de “uma mentira refinada”. E explicou: “Se a Rússia parar sem alcançar a vitória, a Rússia não existirá, será despedaçada. Se os EUA pararem de fornecer armas ao regime de Kyiv, a guerra terminará”.
Sublinhe-se que o tratado New START, assinado em 2010 pelo então presidente dos EUA, Barack Obama, e por Medvedev limita cada país a não mais de 1.550 ogivas nucleares colocadas e 700 mísseis e bombardeios colocados e prevê ainda a realização de inspecções para verificar o cumprimento.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objectivo, segundo Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.