Uma história familiar impactante fala sobre o engajamento de seis gerações num projecto avícola que começou no ano de 1850, na localidade de Sales de Oliveira, em São Paulo. A protagonista do momento é uma farmacêutica licenciada, com um mestrado pelo meio. Anuiu ao chamado dos antepassados e largou tudo para se empenhar de corpo e alma na produção animal. Luciana Dalmagro, como se chama, afirma que sustentabilidade é algo mensurável
O sucesso comercial da JBS, enquanto maior processadora de proteína animal do mundo, conta com o concurso dos seus associados que religiosamente entregam as quantidades de aves e animais de porte maior para abate acordadas entre as partes. Na Fazenda Seara, conta-se uma história de sucesso que vem de seis gerações de uma família comprometida com a avicultura no pequeno povoado de Sales de Oliveira, em São Paulo.
O perfil da gestora enquadra-se, perfeitamente, com o nível de organização desse negócio que teve o seu início em 1850. A farmacêutica, agora também avicultora Luciana Dalmagro, licenciada em farmácia, com pelo menos uma pós-graduação, conta que, em resposta ao chamado dos antepassados, atendeu a vocação familiar de empreender na avicultura para manter a secular tradição familiar.
Pessoalmente, conta Luciana, entrou de corpo e alma na avicultura há 15 anos como produtora rural, e, em 2014, passou a fazer parte da JBS como produtora associada, que é, na verdade, a forma como está estruturada a organização de toda a cadeia de produção de proteína animal no Brasil, que tem sempre no topo um coordenador e à sua volta vários associados.
Volvidos 200 anos, é claro, a pequena produção rural da família, em Sales de Oliveira, evoluiu muito em termos de quantidade e qualidade de animais, qualidade das infra-estruturas e no uso de tecnologias actuais, tanto que hoje tem o compromisso de fazer a entrega diária de 3 mil frangos à JBS para processamento.
Na sua perspectiva, estes louros são alcançados com a manutenção de um nível bom de gestão sustentável dos aviários através de investimentos em todos os itens que concorrem para o seu bom funcionamento.
A granja SEARA, integrada na JBS desde 2008, detém, actualmente, 14 naves, onde estão acomodados 500 mil aves de corte, e abate 3 milhões de frangos por ano.
Sustentabilidade na avicultura
A sustentabilidade começa, segundo Luciana Dalmagro, com o bem-estar do animal que deve ser, regularmente, submetido a medidas de controlo sanitário para o descarte de doenças passíveis de se constituírem em focos perniciosos para toda a granja.
Aqui o papel dos extensionistas, que têm a responsabilidade de visitar as granjas privadas de modo a garantir a observância dos padrões estabelecidos para a criação animal, é de extrema importância.
Como é recomendável em toda actividade económica, a sustentabilidade financeira deve ser tida em conta para manter a operacionalidade da empresa, que sempre tem necessidade de fazer aquisições de insumos que interferem, directamente, com a produtividade e eficiência, assim como dos trabalhadores e produtores, culminando com um produto alimentar de boa qualidade.
Nos tempos actuais, água e energia são factores determinantes na produção de qualquer bem. A granja de Luciana Dalmagro aposta na energia solar e dispõe de 997 painéis solares que produzem 51 mil Quilowatts por hora de electricidade, ainda uma cisterna para o armazenamento de água captada da chuva, com capacidade para 3 milhões de litros, assim como conta com capacidades de bio-compostagem acelerada de resíduos que permitem produzir 6 milhões de toneladas de adubo por semana, empregue no cultivo dos grãos necessários à alimentação das aves e não só.
Impacto da tecnologia
A Inteligência Artificial já foi incorporada na granja para facilitar o controlo das aves. A pilotagem das câmeras 3D instaladas na fazenda permitem, através dessa tecnologia, saber automaticamente o peso dos frangos, podendo-se determinar o momento exacto para seguirem para o matadouro. As câmaras e todo o aparato para o monitoramento das naves com as aves podem ser um projecto simples e de baixo custo.
Um tablet, um telefone é tudo quanto se precisa para se ter um acompanhamento, em tempo real, de todas as naves da granja, garantindo optimização de tempo e segurança.
Em poucas palavras, a jornada de sustentabilidade requer propósito, obrigação e oportunidade. Ela resulta de uma combinação de inovação e tecnologia que assegura a economia de insumos, tais como alimentação, água, energia e garante mais e melhores resultados financeiros. Concorrem para isso a eficiência no campo da zootecnia, que permite a melhoria do bemestar animal.
Como não se pode falar de sustentabilidade sem considerar a componente humana, a granja implementa um programa de aprendizado profissional de jovens, implementa políticas de inclusão, sobretudo das mulheres nos processos produtivos em curso na granja.
A avicultura para as próximas gerações, ainda mais eficiente e atraente, deverá apostar na construção e gestão de alta tecnologia, adoptando aquelas tecnologias que se adequem ao propósito da granja; a qualificação laboral de equipas bem treinadas e experientes; expansão de conhecimentos que vão garantir, certamente, um maior fluxo de receitas, a partir da venda de um produto sustentável. Como rematou Luciana Dalmagro: “produto sustentável é aquele que é acessível ao consumidor a um preço estável” e com boa qualidade.
Por: Eugénio Mateus
Enviado a São Paulo, Brasil