Agências das Nações Unidas apelaram,ontem, a ajudas que somam 4,1 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros) para responderem às “necessidades humanitárias mais urgentes” dos civis no Sudão e dos refugiados em países vizinhos
Após dez meses de guerra entre o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), metade da população do Sudão – cerca de 25 milhões de pessoas – foi afectada e necessita de assistência humanitária ou de protecção, referem num comunicado de imprensa conjunto o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) e o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O OCHA, que comanda a resposta no Sudão, precisa de 2,7 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) para responder às necessidades mais urgentes de 14,7 milhões de pessoas.
O ACNUR, que coordena o Plano Regional de Resposta aos Refugiados, solicita 1,4 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) e visa cerca de 2,7 milhões de pessoas em cinco países vizinhos do Sudão, detalham no comunicado.
Em conjunto, os dois planos têm como objectivo apoiar cerca de 17,4 milhões de pessoas no Sudão e nos países vizinhos, anunciaram. Mais de 1,5 milhões de pessoas fugiram através das fronteiras do Sudão para a República Centro-Africana, o Tchad, o Egipto, a Etiópia e o Sudão do Sul, de acordo com o comunicado.
Os combates no país têm-se alastrado a outras regiões e a fome “é galopante, com quase 18 milhões de pessoas a enfrentar uma insegurança alimentar aguda”, alertaram.
O conflito danificou redes de abastecimento de água que, entre outros problemas de saúde, tive como consequência o aumento de casos de cólera.
Os casos suspeitos aumentaram para 10.500 no final de Janeiro, estando 292 mortes relacionadas com a doença em 60 localidades, de acordo com dados do OCHA. Quase três quartos das instalações de saúde estão fora de serviço nos Estados afectados pelo conflito, por isso também doenças como o sarampo e a malária estão a propagar-se numa altura em que dois terços da população não têm acesso a cuidados de saúde.
As violações dos direitos humanos são generalizadas, com relatos contínuos de violência baseada no género, referiram as agências da ONU.
“A generosidade dos doadores ajuda-nos a fornecer alimentos e nutrição, abrigo, água potável e educação para as crianças, bem como a combater o flagelo da violência baseada no género e a cuidar dos sobreviventes”, afirmou o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, Martin Griffiths.
Todavia, Griffiths frisou também que o apelo do ano passado foi financiado em menos de metade e que este ano os resultados têm de ser melhores e com um sentido de urgência acrescido.
Os trabalhadores de 167 organizações humanitárias prestaram assistência a cerca de 7 milhões de pessoas no Sudão em 2023, com o apoio de doadores internacionais, segundo a ONU.