Os combates no Sudão prosseguem hoje, sem que os emissários do exército e dos paramilitares, que disputam o poder, tenham dado indícios de qualquer avanço nas negociações para um cessar-fogo que decorrem na Arábia Saudita.
Testemunhas relataram à AFP combates e ataques aéreos em diferentes distritos da cidade de Cartum, onde os cinco milhões de habitantes sobrevivem, barricados e com medo de balas perdidas, sem água ou eletricidade e com os ‘stocks’ de comida e de dinheiro à beira do fim.
Enquanto norte-americanos e sauditas asseguram que os beligerantes estão a negociar uma trégua na Arábia Saudita, nem o exército, do general Abdel Fattah al-Burhane, nem as Forças de Apoio Rápido (RSF), do rival general Mohamed Hamdane Daglo, se pronunciaram sobre as discussões entre os respetivos emissários.
“A delegação do Exército só falará sobre uma trégua e como implementá-la adequadamente para facilitar o acesso humanitário”, limitou-se a declarar à AFP o general Nabil Abdallah, portavoz do Exército.
As RSF não revelaram nada sobre esta nova mediação, depois de vários acordos para cessar-fogo que foram quebrados logo após ao seu anúncio.
Riade e Washington “saudaram” o início de um diálogo e exortaram os beligerantes a “envolverem-se ativamente” num cessar-fogo, mas não anunciaram nem o início formal das negociações nem seu conteúdo.
Desde 15 de Abril, este conflito causou 700 mortos, 5.000 feridos, 335.000 deslocados e 115.000 refugiados.
O Sudão saiu em 2019 de 30 anos de ditadura militar-islâmica para cair novamente sob o controlo militar em 2021, com o golpe dos dois generais.
Além das vítimas directas, esta nova guerra está a provocar a fome, um flagelo que já afectou um em cada três sudaneses, numa população de 45 mil pessoas.
Além deste um terço da população que já passa fome, segundo a ONU, mais entre 2 e 2,5 milhões de sudaneses poderão sofrer de desnutrição aguda dentro de seis meses, caso o conflito prossiga.