O conflito no Sudão poderá levar a insegurança alimentar no país a atingir níveis recorde, com mais de 19 milhões de pessoas afectadas, ou seja, dois quintos da população, alertou, ontem, o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas
A agência espera que entre 2 a 2,5 milhões de pessoas passem fome nos próximos meses, como resultado da violência que continua a assolar o país, de acordo com um comunicado do PAM.
“Os maiores picos de insegurança alimentar são esperados nos Estados de Darfur Ocidental, Kordofan Ocidental, Nilo Azul, Mar Vermelho e Darfur do Norte.
Entretanto, o custo dos alimentos está a subir em todo o país e prevê-se que o preço dos produtos básicos aumentem 25 por cento nos próximos três a seis meses”, acrescentou o PAM na nota.
Além disso, a insegurança e a violência forçaram o PAM a suspender, temporariamente, as suas operações no Sudão, porém estas foram retomadas na semana passada e conseguiram chegar a mais de 35.000 pessoas.
As operações centram-se na assistência a um total de 384.000 pessoas, incluindo famílias que fugiram, recentemente, do conflito, refugiados e deslocados internos preexistentes e as comunidades vulneráveis que os acolhem nos Estados de Gedaref, Gezira, Kassala e Nilo Branco.
Nos próximos meses, o PAM alargará a sua ajuda de emergência para apoiar 4,9 milhões de pessoas vulneráveis em zonas onde a situação de segurança o permita, para além de prevenir e tratar a desnutrição aguda moderada em 600. 000 crianças com menos de cinco anos e mulheres grávidas e lactantes.Mais de 40.000 pessoas já atravessaram para o Sudão do Sul, onde a agência está a fornecer refeições quentes todos os dias nos centros de trânsito, bem como avaliações nutricionais para crianças e mulheres grávidas ou lactantes.
No Egipto, que regista o maior afluxo de refugiados, o PAM está a trabalhar com o Governo e o Crescente Vermelho Egípcio (ERC) para prestar assistência alimentar às pessoas que fogem da crise no Sudão.
Mais de 20 toneladas métricas de alimentos fortificados foram entregues nos dois pontos de entrada e estão, actualmente, a ser distribuídas pela ERC.
Na República Centro-Africana, cerca de 9.700 pessoas atravessaram a fronteira do Sudão e chegaram a Amdafock, na prefeitura de Vakaga.
O PAM está a responder e planeia ajudar cerca de 25.000 recém-chegados esperados nos próximos dias.
“O PAM continua comprometido com o povo do Sudão e apela a todas as partes em conflito para que tomem medidas imediatas para pôr fim aos combates e facilitar o acesso humanitário, para que possamos expandir as nossas operações num país com algumas das mais altas taxas de insegurança alimentar do mundo”, acrescentou a agência da ONU.