A comissária europeia do Interior, Ylva Johansson, alertou, esta quarta-feira, que os soldados russos têm realizado sistematicamente violações desde o início da guerra e que o número de mulheres violadas na Ucrânia tem crescido de forma exponencial.
Ylva Johansson deixou o alerta durante uma entrevista ao site “Politico”, concedida por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
A União Europeia (UE), em colaboração com o Governo ucraniano, está “a financiar e criar” em muitas regiões da Ucrânia centros de apoio às vítimas para oferecer assistência.
A maioria das mulheres que chegam a estes centros já foram violadas, muitas destas são meninas, mas também há outras mulheres vítimas de outros traumas.
“Algumas foram forçadas [por soldados russos] a assistir a outras pessoas serem mortas ou violadas”, frisou Johansson.
Na Ucrânia já existiam centros de atendimento a mulheres violentadas mas, desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, a necessidade de ajuda e proteção aumentou: “O volume era totalmente diferente”, realçou a comissária.
Johansson explicou ainda que a Comissão Europeia tem trabalhado para que nos diferentes Estadosmembros seja prestada assistência às mulheres vítimas de violação que engravidam e pretendem abortar.
O Governo polaco, um dos estados mais relutantes em realizar abortos, prometeu a Bruxelas que “seriam dadas possibilidades” para as mulheres ucranianas fazerem abortos, mas Johansson apontou: “Continuo a receber informações de que o aborto é negado às mulheres”.
Da mesma forma, a comissária europeia assegurou que, apesar de ser “muito difícil” dizer quem é mais afetado por esta guerra, a experiência específica do refugiado “tem um género”, uma vez que são maioritariamente mulheres e crianças que tentam reconstruir a sua vida em diferentes países da UE.
Nesta crise de refugiados, Johansson celebra que o número de mulheres e crianças traficadas é muito baixo, uma vez que os cidadãos ucranianos, mesmo antes da guerra, estavam entre as cinco primeiras vítimas do tráfico de seres humanos para a UE.
“Até agora, devo dizer, temos muito poucos casos de tráfico, considerando o número de pessoas vulneráveis e as mulheres e crianças que chegaram”, vincou.
Estes bons resultados, garantiu, devem-se à campanha de sensibilização contra o tráfico de seres humanos nos diferentes Estados-membros.
Sobre a crise de refugiados da Ucrânia, foi ontem divulgado que o executivo comunitário está “preparado” para prolongar até 2025, e mesmo para além dessa data, a proteção temporária dos refugiados da Ucrânia, medida que facilita o seu acesso a alojamento, emprego, saúde e educação na UE.