“Kamala Harris não vai estar focada nos seus problemas, vai estar focada nos vossos”, afirmou, na Terça-feira (essa madrugada em Luanda) o ex-presidente, no discurso mais esperado do segundo dia da convenção. “Precisamos de um presidente que realmente queira saber dos milhões de pessoas que se levantam todos os dias e fazem trabalho essencial”, disse Barack Obama.
“Que defenda os seus direitos a negociar melhores salários e condições de trabalho. Sim, ela pode”, acrescentou. Num discurso de cerca de meia hora, o ex-líder democrata homenageou Joe Biden, que foi seu vicepresidente durante oito anos antes de ser eleito chefe de Estado, em 2020.
“A História vai lembrar Joe Biden como um presidente excepcional que defendeu a democracia do perigo iminente”, afirmou Obama, destacando o altruísmo da desistência, “uma das coisas mais raras em política”.
O ex-presidente também criticou Donald Trump, afirmando que é “um milionário de 78 anos que não parou de se queixar dos seus problemas desde que desceu as escadas rolantes há nove anos”.
Obama referia-se à imagem que ficou associada ao momento em que Trump anunciou que se ia candidatar à presidência, depois de descer as escadas rolantes da Trump Tower, em Nova Iorque, em 2015.
O ex-líder democrata lamentou ainda as “alcunhas infantis” que Trump dá aos oponentes, as teorias da conspiração que defende e “a estranha obsessão com o tamanho das multidões”.
Caracterizou o candidato republicano como alguém que só está interessado em cortar os impostos para si e para os amigos milionários e não quer saber se as mulheres perderam direitos sobre o seu sistema reprodutivo, porque tal não o afecta.
“Donald Trump vê o poder como nada mais que um meio para chegar aos seus fins”, continuou. E quando a multidão fez ouvir o seu desagrado com Trump, Obama urgiu: “não apupem, votem”.
Do outro lado, disse, está uma dupla que pode levar os Estados Unidos a contar uma nova história, em vez de escolher a sequela de um filme que não foi bom da primeira vez.
“A Kamala não nasceu no privilégio, teve de trabalhar pelo que alcançou”, disse Obama, lembrando que a candidata defendeu crianças vítimas de abusos sexuais, lutou contra políticas bancárias abusadoras e trabalhou em nome de proprietários que perderam tudo na crise do ‘sub-prime’ de 2008. “Ela vai trabalhar em prol de todos os americanos”, garantiu Barack Obama, que arrancou grandes ovações dos participantes na convenção.
O ex-político dedicou uma parte do discurso a falar dos ideais que construíram os EUA e a necessidade de inspirar novamente os eleitores para que queiram defender a democracia.
“O nosso trabalho é convencer as pessoas de que a democracia funciona”, afirmou. “Não podemos apenas apontar para o que conquistámos, temos de desenhar um novo caminho para ir ao encontro dos desafios actuais”.
Obama notou ainda que “o resto do mundo está a assistir para ver se conseguimos fazer isto” e que nenhuma outra nação tentou construir uma democracia tão grande e diversa como esta.
“Quando defendemos os nossos valores, o mundo torna-se um pouco mais brilhante”, afirmou. Quando isso não acontece, os ditadores “sentem-se encorajados” e o mundo corre maiores perigos.
Obama notou o grande entusiasmo em torno da campanha de Harris e disse que isso mostra que a maioria dos norte-americanos não quer viver num país “amargo e dividido”.
“Juntos, podemos construir um país mais justo, mais igual e mais livre”, disse Obama. “Ao trabalho”, instou. “A esperança está de volta”, declara Michelle na convenção democrata Oito anos depois do célebre discurso em que disse “quando eles descem, nós subimos ainda mais”, a ex-primeira dama Michelle Obama fez levantar a audiência da convenção democrata declarando que a esperança regressou com a nomeação de Kamala Harris.
A convenção nacional democrata decorre em Chicago até hoje, 22 de Agosto, dia em que Kamala Harris aceitará oficialmente a nomeação como candidata presidencial.