Seul afirmou, ontem, que Moscovo ajudou Pyongyang a lançar, na Terça-feira, um satélite de espionagem militar, declarou o serviço de inteligência sul-coreano
Esta agência disse que, “após a cimeira” entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Setembro, “o Norte forneceu a Moscovo o plano e os dados para o lançamento do primeiro e do segundo satélites”, disse o deputado Yoo Sang-bum. “A Rússia, por sua vez, analisou esses dados e forneceu informações ao Norte”, confirmou o político.
A Coreia do Norte garantiu, na Quarta-feira, que colocou em órbita o primeiro satélite militar espião do país, depois de realizar o lançamento de um foguete espacial detectado por Seul e Tóquio.
“O foguete espacial Chollima-1 voou normalmente ao longo da trajetória predefinida e colocou com precisão o satélite ‘Malligyong-1’ em órbita (…) 705 segundos [quase 12 minutos] após o lançamento”, informou a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.
A Coreia do Norte defendeu a colocação em órbita do satélite como parte do direito legítimo de reforçar as capacidades defensivas, e prometeu lançar mais destes dispositivos de inteligência “num curto período de tempo”, de acordo com a nota da KCNA, citada pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.
Apenas ontem o lançamento foi confirmado por Seul, que disse, porém, ser demasiado cedo para saber se o satélite está a funcionar.
“O serviço nacional de Inteligência avaliou que o lançamento do satélite espião foi bem-sucedido e que foi colocado numa trajectória orbital”, revelou esta agência aos deputados sul-coreanos, ainda de acordo com Yoo Sang-bum.
O lançamento do satélite espião foi condenado por grande parte da comunidade internacional por violar as sanções impostas pelas Nações Unidas ao regime.
O lançamento “revela, mais uma vez, que [Pyongyang] não tem vontade de respeitar o acordo militar”, afirmou, também ontem, o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Shin Won-sik.
Na Quarta-feira, durante uma sessão parlamentar, Shin disse que a suspensão parcial do acordo militar assinado com Pyongyang há cinco anos, que permite ao Sul retomar as actividades de reconhecimento nas zonas em torno da fronteira militarizada com o Norte, “é uma medida essencial para proteger a vida e a segurança do povo” e uma resposta proporcional.
Pouco depois de a Coreia do Sul ter suspendido parcialmente este acordo, na Quarta-feira, o país posicionou drones e aviões de reconhecimento nas zonas fronteiriças, revelaram fontes militares à Yonhap.
Os comentários de Shin surgiram horas depois de a Coreia do Norte ter anunciado que ia abandonar o pacto na totalidade, avisando o Sul de que vai “pagar caro” pela decisão, e de ter efectuado um teste de mísseis – aparentemente sem sucesso – durante a noite.
“Se a Coreia do Norte levar a cabo provocações sob o pretexto da suspensão, responderemos imediatamente, com força e até ao fim”, acrescentou o ministro sul-coreano.
O acordo militar de 2018, assinado em Pyongyang durante uma cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o então Presidente sul-coreano Moon Jae-in, foi um passo importante para reduzir a tensão militar na península, especialmente ao longo das fronteiras.
No entanto, após o fracasso das negociações de desnuclearização com os Estados Unidos, em 2019, Pyongyang aprovou um plano de modernização do armamento, que inclui a instalação de satélites militares e envolve testes de mísseis, além de se recusar a retomar o diálogo e procurar, por outro lado, estreitar os laços com a China e a Rússia.
Seul e Washington reforçaram a cooperação militar com Tóquio e fortaleceram o mecanismo de dissuasão, destacando um crescente número de meios estratégicos norte-americanos para a península coreana, como o porta-aviões USS Carl Vinson, que chegou esta semana a Busan, a Sudeste de Seul.