Os serviços secretos britânicos afirmaram, ontem, que o impacto da guerra na Ucrânia irá, certamente, exacerbar a insegurança alimentar, em África, durante, pelo menos, os próximos dois anos, após a Rússia sair do acordo de exportação de cereais
Este acordo “permitiu a exportação de 30 milhões de toneladas de cereais ucranianos para África, fornecendo uma nutrição essencial a países como a Etiópia, o Quénia, a Somália e o Sudão”, refere uma nota dos serviços secretos do Reino Unido, acrescentando que para além da interrupção directa dos fornecimentos, o bloqueio da Rússia à Ucrânia está a provocar o aumento dos preços dos cereais.
A recente cimeira Rússia-África, realizada em São Petersburgo, contou com a presença de 17 chefes de Estado, menos de metade dos 43 na última reunião, como indicou o Ministério da Defesa britânico na sua conta do Twitter.
O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou Quinta-feira, durante a cimeira, que a Rússia vai entregar “gratuitamente” entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais ao Burkina Faso, Zimbabwe, Mali, Somália, República CentroAfricana (RCA) e Eritreia, antes de sublinhar que os países africanos podem contar com Moscovo como um fornecedor fiável.
Em resposta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, avisou a Rússia de que “um punhado de donativos” a países vulneráveis não compensará o impacto “dramático” da sua decisão de se retirar do acordo de exportação de produtos agrícolas dos portos ucranianos do Mar Negro.
Na semana passada, a Rússia anunciou a sua retirada do acordo sobre a exportação de cereais ucranianos e fertilizantes russos a partir dos portos do Mar Negro, um pacto alcançado com a Ucrânia em Julho de 2022, através da mediação da Turquia e das Nações Unidas.
Desde então, os preços do trigo têm vindo a aumentar.