Uso de armamento menos avançado do que aquele que a Rússia realmente tem poderá ter como objectivo esconder violações de normas e crimes de guerra.
A Rússia estará a usar bombas com menos precisão do que aquelas que o país poderia colocar à disposição da sua aviação na Síria, para fugir a responsabilidades por possíveis crimes de guerra e mortes de civis. Assim, à primeira vista, olhando apenas para o armamento, observadores e responsáveis poderão concluir que as responsabilidades do ataque serão do regime sírio de Bashar al-Assad. De acordo com o Guardian.
que avançou a notícia e adjectiva mesmo as bombas como sendo “burras”, numa alusão à diferença de capacidade real das armas russas e o que deverá estar a ser usado, fontes da ONU referiram que o objectivo será mesmo enganar os investigadores de crimes de guerra. “Parece haver uma acção concertada para que as armas usadas [por russos e sírios] sejam semelhantes. Como a força aérea síria está a usar aviões mais velhos e com pilotos sem treino em armas mais avançadas, a Rússia usa armas menos avançadas. Suspeito que eles as usem por tornar mais difícil as atribuições”, referiu a mesma fonte.
Rússia e EUA violaram normas. Síria usou armas químicas
A notícia avançada pelo Guardian surge no mesmo dia em que a ONU revelou que ataques aéreos levados a cabo pela Rússia e também os ataques feitos pela coligação liderada pelos EUA mataram civis numa larga escala, de acordo com a Reuters. É revelado ainda, por investigadores de crimes de guerra, que o regime de Assad usou armas químicas em Ghouta. O Estado Islâmico e outros grupos cometeram também crimes de guerra, que incluem ataques a civis ou até a utilização de escudos humanos, disseram também os investigadores. Foi ainda dito que um avião russo foi aparentemente responsável por um bombardeamento em Novembro na província síria de Idleb que matou pelo menos 84 pessoas e feriu 150 num mercado, ataque que pode constituir um crime de guerra.
Esta é a primeira vez que a ONU atribui directamente à Rússia responsabilidade pela morte de civis na Síria. “Toda a informação disponível” indica que um avião russo realizou o ataque aéreo de 13 de Novembro que atingiu um mercado, casas próximas e um posto da polícia dirigido por rebeldes sírios apoiados pelo ocidente na cidade de Atarib, no norte de Idleb. Já do lado da coligação liderada pelos EUA, três ataques numa escola perto de Raqqa, em Março de 2017, terão matado 150 civis. Aproximadamente cinco vezes o número de vítimas mortais admitida pelo Pentágono, que afirmou também que as mortes não foram de civis. A comissão de três elementos, presidida pelo advogado brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, apresentou as descobertas feitas pelos investigadores durante uma investigação de seis meses, realizada entre 8 de Julho e 15 de Janeiro. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 724 civis foram mortos na região de Ghouta oriental, entre os quais 170 crianças, desde 18 de Fevereiro.