A Presidência russa (Kremlin) recusou, ontem, desmentir a demissão do comandante da Marinha, Almirante Nikolai Ev- menov, anunciada pela imprensa
Após uma série de reveses contra a Ucrânia no Mar Negro, limitando-se a referir que certos decretos são secretos. Os meios de comunicação russos Fontanka e Izvestia anunciaram, Domingo, que o almirante Nikolai Evmenov foi demitido e substituído pelo almirante Alexander Moisseyev, até agora chefe da Frota do Norte. “Existem decretos confidenciais.
Não os posso comentar. Não houve decretos públicos sobre este assunto”, respondeu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, sobre Evmenov, citado pela agência francesa AFP.
A nomeação de um novo comandante da frota russa é normalmente anunciada por decreto presidencial. A confirmar-se a substituição, trata-se de uma importante remodelação no seio do comando militar russo.
Em dois anos de guerra, a Ucrânia obteve uma série de êxitos no Mar Negro que permitiram a reabertura de um corredor marítimo para a exportação dos seus cereais, desafiando as ameaças de bombardeamento da Rússia.
O Exército ucraniano afirmou, no início de Fevereiro que cerca de um terço dos navios de guerra russos tinham sido desactivados na zona. De acordo com a sua biografia oficial, o almirante Nikolai Evmenov, 61 anos, é o responsável por toda a frota russa desde Maio de 2019. Antes disso, Evmenov, um submarinista, tinha sido comandante da Frota do Norte.
A Crimeia, uma península anexada por Moscovo em 2014, é também regularmente atingida por ataques ucranianos aéreos, marítimos e de ‘drones’ com mísseis, uma vez que é importante para a logística das tropas russas.
No início de Março, a Ucrânia anunciou a destruição do mais moderno navio de patrulha russo, o “Serguey Kotov”, atingido por ‘drones’ marítimos perto do estreito de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia.
A operação foi reivindicada pelos serviços secretos militares ucranianos (GUR) com a cooperação da Marinha. Entre outros sucessos, em Setembro de 2023, a Ucrânia bombardeou o quartel-general da Frota do Mar Negro em Sebastopol, na Crimeia. Na Primavera de 2022, no início do conflito, conseguiu afundar o “Moskva”, o navio-almirante da frota russa.
Apesar dos êxitos no mar e depois do fracasso de uma contra-ofensiva no verão, a Ucrânia enfrenta uma nova ofensiva russa em zonas que tinha reconquistado, com Moscovo a anunciar, no Domingo, a tomada de Avdiivka (Donetsk).
Ucrânia tem criticado as hesitações dos aliados ocidentais no fornecimento de armamento, designadamente por receio de que seja utilizado para atacar posições em território russo.
A guerra em curso foi desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022. Desde então, Moscovo declarou como anexadas à Federação Russa as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões. Kiev exige a retirada russa do território da Ucrânia, incluindo a Crimeia, como pré-condição para eventuais conversações de paz.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra, que entrou no terceiro ano, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado.