A Rússia abriu um processo-crime por terrorismo contra os autores dos ataques na região russa de Belgorod, junto à fronteira com a Ucrânia, que atribuiu a forças ucranianas, anunciou, ontem, o Comité de Investigação russo
“Estão a ser tomadas medidas para determinar a identidade dos agressores e todas as circunstâncias do incidente”, declarou o organismo responsável pelas principais investigações, na Rússia, num comunicado citado pela agência francesa AFP.
O governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, disse ontem que a operação anti-terrorista lançada na Segunda-feira na região prosseguia hoje [ontem], envolvendo as forças armadas e de segurança.
“As forças da ordem estão a fazer tudo o que é necessário”, disse Gladkok na rede social Telegram.
Gladkov precisou que a operação estava a decorrer na zona rural em torno da cidade de Graivoron, onde ocorreu o alegado ataque, na Segunda-feira, que terá provocado um morto e uma dezena de feridos.
A Rússia atribuiu o ataque a forças ucranianas, mas Kiev negou qualquer envolvimento e disse que a acção foi levada a cabo por guerrilheiros russos contra o governo do Presidente Vladimir Putin.
Gladkov disse, na Segunda feira, que “uma grande parte da população abandonou o território afectado”.
Na sequência do ataque, a região de Belgorod foi colocada sob o “regime jurídico de uma zona de operações anti-terroristas”.
A decisão, segundo Gladkov, foi tomada pelos serviços de segurança da Federação Russa (FSB).
A medida prevê a possibilidade de evacuar as zonas afectadas, um controlo reforçado das telecomunicações, intervenções facilitadas das forças anti-terroristas e controlos reforçados da identidade e dos veículos.
Além de terrorismo, a investigação também tem por base artigos do Código Penal sobre atentados contra a vida de agentes da autoridade, tentativa de homicídio, destruição ou dano intencional de bens e circulação ilegal de armas e explosivos, segundo a agência oficial TASS.
O Comité de Investigação disse que o ataque foi levado a cabo por formações armadas ucranianas que atravessaram a fronteira para Belgorod, próximo da cidade de Kharkiv, no Leste da Ucrânia.
O Ministério da Defesa britânico, que divulga avaliações diárias sobre a guerra desde a invasão russa, em 24 de Fevereiro de 2022, disse, ontem, que “a identidade dos guerrilheiros não foi confirmada, mas grupos anti-governo russos reivindicaram a responsabilidade”.
“A Rússia enfrenta uma ameaça de segurança em vários domínios cada vez mais grave nas regiões fronteiriças, com perda de aviões de combate, ataques com engenhos explosivos improvisados a linhas ferroviárias e, agora, acções diretas de guerrilha”, disseram os analistas de defesa britânicos.
“É quase certo que a Rússia utilizará estes incidentes para apoiar a narrativa oficial de que é a vítima na guerra”, acrescentaram.
A Rússia invadiu a Ucrânia para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, mergulhando a Europa naquela que é considerada como a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de baixas e civis em 15 meses de combates, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.