Congressistas republicanos divulgaram,ontem, que iniciaram um processo de destituição contra o secretário de Segurança Interna norte-americano, Alejandro Mayorkas, que acusam de ser o responsável pela crise migratória na fronteira entre os Estados Unidos e o México
Este anúncio surge numa altura em que quase 10 mil migrantes atravessam a fronteira desde o México para os EUA, todos os dias, sendo este um tema politicamente quente, a poucos meses antes das eleições presidenciais de Novembro.
Os republicanos classificam a situação como um desastre humanitário e acusam o secretário da Segurança Interna de causar a situação, de acordo com um comunicado de Mark Green, presidente do Comité de Segurança Interna da Câmara de Representantes (câmara baixa do Congresso).
O Departamento de Segurança Interna acusou, por sua vez, os republicanos de “desperdiçarem tempo valioso e dinheiro dos contribuintes” com uma “manobra política”.
Para que Alejandro Mayorkas seja destituído do cargo, a maio ria dos legisladores na Câmara dos Representantes deve votar pela destituição, o que desencadearia um julgamento no Senado (câmara alta) que poderia resultar, caso dois terços dos senadores votassem a favor, na sua destituição.
Este cenário é praticamente impossível, dado que os republicanos detêm apenas uma maioria muito pequena na Câmara dos Representantes, com o Senado a ter uma maioria democrata.
O lançamento deste processo de destituição é, no entanto, uma ‘pedra no sapato’ do Presidente Joe Biden, enquanto 302 mil migrantes cruzaram a fronteira em Dezembro, segundo as autoridades.
Os presidentes da Câmara de Nova Iorque, Denver e Chicago, cidades que recebem autocarros de migrantes, enviados pelo governador republicano do Texas, também estão a pressionar o chefe de Estado democrata a agir rapidamente.
O líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, realizou ontem uma viagem, juntamente com mais 60 congressistas republicanos, a uma cidade fronteiriça do Texas.
Os republicanos exigem políticas de imigração de linha dura em troca de garantir o apoio ao pedido de financiamento de emergência do Presidente Joe Biden, para a ajuda à Ucrânia, que enfrenta a invasão da Rússia desde Fevereiro de 2022.
A comitiva liderada por Johnson visitou Eagle Pass, no Texas, que tem estado no centro da Operação Lone Starr, lançada pelo governador republicano Greg Abbott, uma iniciativa no valor de 10 mil milhões de dólares que testou a autoridade do governo federal sobre a imigração e elevou a luta política sobre este tema.
No Senado, em Washington, mantêm-se as conversações para um acordo bipartidário, que desbloquearia o pacote de 110 mil milhões de dólares de Biden para a Ucrânia, Israel e outras prioridades de segurança dos EUA.
Biden já manifestou vontade de alcançar compromissos políticos, perante o número histórico de migrantes que atravessam a fronteira, com as presidenciais, onde é recandidato, à vista.
“Temos que fazer alguma coisa”, frisou Biden em declarações aos jornalistas na Terça-feira à noite, lembrando que o Congresso deve aprovar a sua proposta de segurança nacional, porque também inclui dinheiro para gerir o fluxo de migrantes.