Reino Unido, França e Alemanha propuseram novas sanções da União Europeia contra o Irão por conta dos mísseis balísticos do país e pelo seu papel na guerra da Síria, de acordo com um documento confidencial, na tentativa de convencer os Estados Unidos a preservarem o acordo nuclear assinado em 2015 com Teerão.
O documento conjunto, visto pela Reuters, foi enviado às capitais da União Europeia nesta Sexta, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto, para avaliar o apoio a essas sanções, já que elas teriam de ter o respaldo de todos os 28 governos do bloco. A proposta é parte de uma estratégia da UE para salvar o acordo assinado por potências mundiais para reduzir a capacidade de Teerão de desenvolver armas nucleares, principalmente para mostrar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que há outros caminhos para conter o poder iraniano no exterior. Trump deu um ultimato aos signatários europeus no dia 12 de Janeiro, afirmando que eles têm de “consertar as falhas terríveis do acordo nuclear com o Irão”, que foi fechado durante o governo de seu antecessor Barack Obama, ou se recusaria a ampliar o alívio das sanções dos EUA ao Irão.
“Portanto, circularemos nos próximos dias uma lista de pessoas e entidades que acreditamos que devem ser visadas em virtude os seus papéis demonstrados publicamente”, informou o documento, referindo-se aos testes de mísseis balísticos iranianos e ao papel de Teerão no apoio ao governo da Síria na guerra civil de sete anos. Analistas dizem que o acordo nuclear, louvado à época como um avanço que reduzia o risco de uma guerra mais ampla e devastadora no Oriente Médio, pode desmoronar se Washington se retirar. O documento informa que o Reino Unido, França e Alemanha estão envolvidos em “conversas contínuas com o governo Trump para chegar a uma reafirmação clara e duradoura do apoio dos EUA ao acordo (nuclear) para além de 12 de Maio”. As potências europeias e os EUA fizeram várias rodadas de conversas sobre o tema nesta semana, disseram diplomatas.
Delicada O documento refere-se às sanções que “visariam milícias e comandantes” e propõe aprofundar uma lista de sanções já existentes da UE para a Síria, que inclui proibições de viagem e congelamento de bens de indivíduos, e uma proibição à realização de negócios ou ao financiamento de empresas públicas e privadas. A questão é altamente delicada porque o pacto de 2015 entre o Irão e o chamado P5+1 – Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e EUA – suspendeu sanções internacionais que prejudicavam a economia iraniana dependente do petróleo. Embora a UE tenha mantido algumas sanções aos iranianos devido a abusos de direitos humanos, rescindiu as suas restrições económicas e financeiras ao regime em 2016 e não quer que se acredite que está renegando o acordo. O Irão aceitou os limites impostos às suas actividades de enriquecimento de urânio, que vem dizendo repetidamente visarem a geração pacífica de energia, e não bombas atómicas, mas recusou-se a debater o seu programa de mísseis, que afirma ser puramente defensivo. A República Islâmica refutou asserções ocidentais segundo as quais as suas actividades no Oriente Médio são desestabilizadoras, e também rejeitou as exigências de Trump para renegociar o pacto nuclear.