O plano do Governo britânico que permite deportar requerentes de asilo para o Ruanda tinha sido assinado na Quinta-feira pelo rei Carlos III, permitindo a organização dos voos de repatriação.
Este processo gerou um longo e turbulento debate parlamentar em que os ‘conservadores’ fizeram valer a sua maioria na Câmara dos Comuns para fazer cair alterações em assuntos chave.
Esta Segunda-feira, um homem deixou o Reino Unido, concordando em ser deportado para o Ruanda, depois do seu pedido de asilo ter sido rejeitado no final do ano passado, segundo vários relatos da comunicação social britânica. Este homem, que será do continente africano, viajou num voo comercial, segundo relatos dos ‘media’.
O requerente de asilo concordou em ser deportado para Ruanda e receber um pagamento de até 3.000 libras em troca, revelaram fontes governamentais, citadas pelo Times.
Contactado pela agência FrancePresse (AFP), o Ministério do Interior não confirmou esta informação. “Agora podemos enviar requerentes de asilo para o Ruanda como parte da nossa parceria para a migração e o desenvolvimento económico”, destacou um portavoz do governo.
“Este acordo permite que pessoas sem estatuto de imigração no Reino Unido sejam realocadas para um terceiro país seguro, onde serão ajudadas a reconstruir as suas vidas”, acrescentou a fonte.
O governo britânico adiantou ontem que espera deportar para o Ruanda “até ao final do ano” um grupo já identificado de 5.700 requerentes de asilo, após a adopção da sua controversa lei destinada a desencorajar as travessias ilegais do Canal da Mancha.
Estes requerentes de asilo foram seleccionados entre mais de 57 mil pessoas que chegaram ilegalmente ao Reino Unido através do Canal da Mancha entre o início de Janeiro de 2022 e o final de Junho de 2023, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais.
O início desta operação, que chega umas semanas antes do previsto, coincide com as eleições para as autarquias, que se realizam na Quinta-feira, nas quais os ‘conservadores’ correm o risco de perder até metade dos lugares que ocupam actualmente.
O Supremo Tribunal britânico já derrubou um plano anterior para realizar estas transferências e os activistas anunciaram que irão recorrer novamente aos tribunais para bloqueá-las mais uma vez.
O caso provavelmente chegará ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que, em Junho de 2022, impediu ‘in extremis’ a primeira deportação para o Ruanda.