O Presidente russo, Vladimir Putin, destacou, Quarta-feira, em Riade, a importância da troca de opiniões sobre o conflito em curso no Médio Oriente, definindo ainda as relações políticas e económicas com o reino saudita como “boas” e “estáveis”
O líder russo falava no início de uma reunião em Riade com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.
“Para todos nós é decerto importante trocar informação e avaliar sobre o que ocorre na região”, disse Putin, em declarações no Palácio real Al Yamamah, na capital da Arábia Saudita. Putin definiu as relações com o reino saudita em termos políticos e económicos como “muito boas” e “estáveis”.
“A nossa reunião, sem qualquer dúvida, é oportuna”, disse o líder russo. O chefe de Estado russo sublinhou que “nada pode impedir o desenvolvimento das amistosas relações” entre Riade e Moscovo e recordou que a União Soviética “foi há quase 100 anos um dos primeiros Estados que reconheceu a independência da Arábia Saudita”.
“Em todo este tempo muito ocorreu nas nossas relações. Mas nos últimos sete anos as relações adquiriram uma qualidade e avançaram a um nível que nunca registaram antes”, disse.
Putin também elogiou a figura e a “sábia política” do rei saudita Salman bin Abdulaziz al Saud, que se tornou em 2017 no primeiro monarca saudita a visitar Moscovo, impulsionando as relações entre os dois países.
Em resposta, o príncipe herdeiro saudita e primeiro-ministro assinalou que o Presidente da Rússia “é um convidado especial e estimado” no reino árabe – que recebeu Putin em Riade e proveniente dos Emirados Árabes Unidos (EAU) -, com uma enorme comitiva.
O líder de facto da Arábia Saudita também se referiu às “grandes oportunidades” de cooperação entre os dois países, que devem “trabalhar juntos para os interesses dos nossos povos, da região e de todo o mundo”.
Putin, que não viajava para a região há quatro anos, e para além da situação no Médio Oriente, deverá abordar com Bin Salman a cooperação no âmbito da OPEP+ – uma aliança dos países produtores e exportadores de petróleo liderada pela Arábia Saudita e Rússia -, e a guerra na Ucrânia.
Estes assuntos foram também abordados previamente na reunião em Abu Dabi entre o Presidente dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Mohamed bin Zayed, e o chefe do Kremlin, na sequência do ingresso do país árabe no grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), algo que a Arábia Saudita irá também garantir a partir de 01 de Janeiro próximo.
No plano bilateral, deverá ser ainda abordada a cooperação comercial entre Moscovo e Riade, investimentos, e o Corredor de transportes Norte-Sul.
Na sua deslocação a Abu Dhabi, Putin disse ter abordado com Bin Zayed o “conflito israelo-árabe” e a situação em torno da crise ucraniana, para além de também destacar as relações bilaterais que atingiram um nível “sem precedentes”.
O líder russo destacou que, além de projectos ambiciosos nos sectores do petróleo e do gás, ambos os países cooperam no âmbito da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP+).
“Terei todo o prazer em continuar o nosso trabalho conjunto no sentido de fortalecer a cooperação bilateral em diferentes áreas. Damos especial prioridade ao desenvolvimento de sectores como energia, infra-estruturas, tecnologia de ponta e outros”, sublinhou o Presidente russo.
Putin também lembrou os cerca de um milhão de turistas russos que viajaram para os Emirados Árabes Unidos no ano passado e a abertura de uma escola russa naquele país.
“Estamos gratos pela solução para a questão da concessão de terreno para a construção de um templo ortodoxo”, referiu.
Putin desejou ainda sucessos ao seu homólogo na realização da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP28), que conta com a presença de uma delegação russa, que está a acontecer no Dubai.
É a terceira viagem ao estrangeiro que Putin efectua em 2023. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, em Março deste ano, um mandado de captura internacional para o Presidente russo, Vladimir Putin, e para a sua comissária para os Direitos da Infância, Maria Lvova Belova.
O TPI acusa ambos de crimes de guerra relacionados com a deportação forçada de menores ucranianos para território da Rússia.