O Presidente russo, Vladimir Putin, dirigiu, ontem, manobras terrestres, marítimas e aéreas das forças nucleares russas a partir de Moscovo, num exercício de resposta a um cenário de ataque inimigo, segundo o Kremlin
“Sob a liderança do comandante supremo das Forças Armadas Russas, Vladimir Putin, foi realizado um exercício de treino (…). Ocorreram disparos de treino de mísseis balísticos e de cruzeiro”, afirmou o Kremlin em comunicado.
O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que estas manobras visam simular “o lançamento de um ataque nuclear maciço por forças ofensivas estratégicas em resposta a um ataque nuclear inimigo”.
Durante as manobras, “um ataque nuclear maciço das forças ofensivas estratégicas foi lançado em resposta a um ataque nuclear inimigo”, explicou.
Um míssil balístico intercontinental Yars, com alcance de até 12 mil quilómetros, foi disparado a partir do cosmódromo de Plesetsk, localizado a quase 800 quilómetros a Norte de Moscovo.
O míssil foi lançado na direcção de Kura, na Península de Kamchatka, a mais de 6.000 quilómetros. Além disso, o submarino nuclear Tula lançou um míssil balístico Sineva do Mar de Barents, no oceano Ártico.
A televisão pública russa transmitiu um pequeno vídeo mostrando Vladimir Putin a ouvir o relatório de Sergei Shoigu e do chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, após as manobras.
Os exercícios coincidem com a decisãoontem tomada na câmara alta do parlamento russo de aprovar o projecto de lei que revoga a ratificação do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares.
A Rússia argumenta que foi forçada a tomar esta medida devido à necessidade de restaurar a paridade nuclear com os Estados Unidos, que não ratificam o tratado há 23 anos.
As autoridades russas sublinharam que a revogação não significa que o Kremlin retomará os testes nucleares, pelo menos por agora, uma vez que “a moratória continua” em vigor.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, revelou, ontem, que Moscovo recebeu uma proposta dos Estados Unidos para retomar o diálogo sobre estabilidade estratégica e controlo de armas.
O governante explicou que Moscovo não está preparado para retomar o diálogo se não houver mudanças na “política profunda e fundamentalmente hostil dos Estados Unidos em relação à Rússia”.
Em Fevereiro passado, a Rússia suspendeu o cumprimento do START III, o último tratado de desarmamento nuclear ainda em vigor entre a Rússia e os Estados Unidos.
Desde a invasão da Ucrânia, em Fevereiro de 2022, o Presidente russo tem falado, veementemente, sobre um possível uso de armas nucleares.
A Rússia instalou armas nucleares tácticas na Bielorrússia, o seu aliado mais próximo e vizinho da União Europeia e da NATO, no Verão de 2023.