“Uma proposta muito generosa de um cessarfogo de 40 dias e da libertação de milhares de prisioneiros palestinianos em troca da libertação dos reféns” foi apresentada ao Hamas, disse Cameron numa reunião do Fórum Económico Mundial na capital saudita, Riade.
Uma delegação do Hamas é hoje [ontem] esperada no Egipto para dar uma resposta à mais recente proposta dos mediadores para uma trégua na Faixa de Gaza associada à libertação dos reféns em poder do movimento islamita palestiniano, após quase sete meses de guerra entre Israel e o Hamas naquele território palestiniano.
“Espero que o Hamas aceite este acordo e, francamente, toda a pressão do mundo e todos os olhos devem estar hoje postos nele para lhe dizer que aceite este acordo”, afirmou Cameron.
“O acordo proposto levará ao fim dos combates, que todos desesperadamente desejamos”, acrescentou. O Egipto, o Qatar e os Estados Unidos tentam há meses negociar um acordo entre Israel e o Hamas, e a recente dinâmica parece sugerir um novo impulso para pôr fim aos combates.
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) britânico defendeu, além disso, um “horizonte político para uma solução de dois Estados”, com uma Palestina independente coexistindo com Israel.
“Os responsáveis pelo ataque de 07 de Outubro, os dirigentes do Hamas, devem abandonar Gaza e as infra-estruturas terroristas em Gaza devem ser desmanteladas”, sublinhou.
“O povo palestiniano deve ter um futuro político, mas a segurança de Israel também deve ser garantida, e estes dois elementos devem ocorrer a par um do outro”, concluiu.
A 07 de Outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, matando 1.163 pessoas, na maioria civis.
Fizeram também 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34, entretanto, morreram, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel desencadeou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que hoje entrou no 207.º dia, continuando a ameaçar alastrar a toda região do Médio Oriente, e fez até agora, na Faixa de Gaza, 34.454 mortos, mais de 77 mil feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números actualizados das autoridades locais.
O conflito causou também quase 2 milhões de deslocados, e mergulhou o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhão de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.